Quarta-feira, 04 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 2 de dezembro de 2024
A lista de indiciados pela Polícia Federal (PF) no inquérito do plano bolsonarista de golpe de Estado não emocionou a cúpula militar do governo Lula. Tanto no Ministério da Defesa quanto nos comandos das forças, os golpistas já haviam sido mapeados na caserna.
Por via das dúvidas, o comando do Exército segue pronto para abrigar militares golpistas que venham a ser presos na esteira da investigação no Supremo Tribunal Federal (STF).
É que a conclusão do relatório da PF, com a divulgação dos indiciados, abriu caminho para novos depoimentos dos alvos. Não está descartada a adoção de novas medidas pelo Supremo, a partir das revelações que venham a surgir.
Golpe
Segundo a PF, entre as ações elaboradas pelo grupo havia um “detalhado planejamento operacional, denominado ‘Punhal Verde e Amarelo’, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022” para matar os já eleitos presidente Lula e o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Em novembro, cinco pessoas foram presas com autorização do Supremo Tribunal Federal:
* quatro militares do Exército ligados às Forças Especiais da corporação, os chamados “kids pretos”: o general de brigada Mario Fernandes (na reserva), o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira.
* um policial federal: Wladimir Matos Soares.
Segundo as investigações, Mario Fernandes é um dos responsáveis por criar os arquivos onde foram armazenadas as informações do grupo, com os planejamentos do assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, e de instituir de um gabinete de crise a ser montado após a execução do plano.
A PF destaca que ele participou dos acampamentos golpistas em dezembro, quando “ainda ocupava o cargo de chefe substituto da Secretaria Geral da Presidência da República, possuindo estreita proximidade com o então presidente Jair Bolsonaro”.
Autorização
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, autorizou nessa segunda (2) a transferência para Brasília do general de brigada Mário Fernandes e do tenente-coronel Rodrigo Bezerra, acusados de planejar um golpe de Estado.
Os militares foram presos preventivamente em 19 de novembro, e estavam detidos no 1º Batalhão de Polícia do Exército, no Rio de Janeiro. Conforme decisão desta segunda, eles serão transferidos para o Comando Militar do Planalto, na capital federal.
“Autorizo a transferência do militar investigado para instalações do Comando Militar do Planalto para cumprimento da prisão preventiva determinada nestes autos, observadas as Normas Administrativas para Prisão Especial (NAPE), que têm por finalidade regular os procedimentos adotados em caso de prisão especial de militares que se encontram à disposição das Justiças Militar ou Comum”, diz a decisão.
Moraes também autorizou que os presos recebam visitas das respectivas esposas e dos filhos. Outras solicitações de visita devem ser autorizadas previamente pelo ministro, relator do caso.
Fernandes e Bezerra foram detidos na operação Contragolpe, da Polícia Federal, ao lado de outros militares e um policial acusados de tramar, em 2022, a prisão e o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e de Moraes, que presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à época.