Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 8 de dezembro de 2024
O banco Itaú publicou ata em que acusa seu ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel de violar políticas internas e a legislação ao agir em “grave conflito de interesses e em benefício próprio” no relacionamento com um fornecedor de pareceres. O banco o acusa de ter recebido recursos por meio de uma participação em pagamentos feitos ao parecerista. Trata-se de Eliseu Martins, reconhecido como um dos maiores contadores do País.
Broedel e Martins afirmam que as acusações são indevidas e que recorrerão à Justiça. O Itaú diz que seu ex-diretor financeiro aprovou, de forma irregular, pagamentos de R$ 10,4 milhões nos últimos quatro anos a um fornecedor de pareceres.
Entenda o caso
O banco Itaú diz que seu ex-diretor financeiro Alexsandro Broedel aprovou de forma irregular pagamentos a um fornecedor de pareceres com o qual teria ligações.
Alexsandro Broedel é professor da FEA/USP e trabalhou no Itaú por 12 anos. Saiu em julho deste ano para assumir um cargo no Santander na Espanha.
Os contadores Eliseu Martins, Eric Aversari Martins e Vinicius Aversari Martins (filhos de Eliseu) e as empresas Care Consultores, Evam Consultores e Broedel Consultores Associados são citadas em protesto protocolado pelo banco na Justiça paulista.
Eliseu Martins é reconhecido como um dos maiores contadores do país. Foi diretor da FEA/USP, da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), presidiu a Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis Atuariais e Financeiras) e o instituto Ipecafi, entre outros cargos.
Quais irregularidades
Segundo o banco, desde janeiro de 2019, as empresas Care (que tem como sócios Eliseu Martins e seu filho Eric) e Evam (cujos sócios são Eliseu e os filhos Eric e Vinicius) fizeram 56 transferências ao executivo e sua empresa Broedel Consultores.
Dessas transferências, 23 delas, no valor total de R$ 4,8 milhões, se referem a pagamentos feitos pelo Itaú às empresas, por pareceres contratados.
A partir de tais transferências o Itaú concluiu que o ex-diretor teria uma participação de 40% nos pagamentos feitos pelo banco à Care.
O Itaú também afirma que, dentre 40 pareceres contratados, 36 foram considerados recebidos por Broedel, mas só 20 foram localizados, e 4 foram pagos antecipadamente.
O banco pede indenização do valor correspondente aos 16 pareceres dados por recebidos e não localizados, que somariam mais de R$ 5 milhões.
Também pede devolução de R$ 1,5 milhão referentes aos quatro pareceres pagos antecipadamente e não entregues.
O banco afirma ainda que Broedel prestou serviços de parecerista e consultor ao mercado enquanto ainda era executivo do banco, o que fere o código de ética do Itaú, e deixou de informar que ele e Martins eram sócios na Broedel Consultores desde 2012, o que seria contra as regras de transparência
Broedel afirmou que acusações são infundadas e tomará medidas judiciais. Argumenta que Eliseu Martins já prestava serviços ao banco antes que ele se tornasse diretor do Itaú
Já Eliseu Martins negou irregularidades e afirmou que vai acionar o Itaú por tentar atingir seu nome e o de sua família. “Somente com o Itaú tenho uma vida de prestação de serviços há quase cinco décadas, com testemunhos de gerações de gestores. Alexsandro Broedel Lopes foi aluno na pós-graduação da FEA/USP, transformando-se em professor, portanto colega meu, há muitos anos, e sempre tivemos ligações acadêmicas e profissionais. Juntos prestamos serviços a inúmeros clientes”, afirma.
Martins diz também que a prática de pagamento antecipado por pareceres pelo banco existe, tanto que formalmente ele declarou a necessidade de devolução do dinheiro relativo aos quatro pareceres ainda não emitidos.
Segundo a ata do Itaú, não há impacto nas demonstrações financeiras nem em outras empresas que fazem parte do grupo
A Justiça paulista vai avaliar protesto protocolado pelo Itaú nessa sexta (6), em que são citados Alexsandro Broedel, Eliseu Martins, Eric Aversari Martins e Vinicius Aversari Martins (filhos de Eliseu) e as empresas Care Consultores, Evam Consultores e Broedel Consultores Associados.
O caso deve também entrar na mira da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), responsável por investigar fraudes no mercado de capitais brasileiro. Um processo administrativo deve ser aberto ainda nesta semana. O Itaú comunicou as acusações também ao Banco Central, mas o órgão disse que não se pronunciaria sobre o caso. As informações são do Jornal de Brasília.