Quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 12 de dezembro de 2024
Claudio Bier afirmou que a decisão do Copom foi adequada para preservar a credibilidade da política monetária
Foto: Dudu Leal/Arquivo FiergsA Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul) afirmou que a possibilidade de aumento da inflação em 2025 e 2026 justifica a decisão tomada pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, na quarta-feira (11), de elevar a taxa Selic em um ponto percentual.
“A decisão do Banco Central de aumentar os juros para 12,25% reflete a maneira como o Executivo tem conduzido a política fiscal neste ano. O pacote de redução de gastos apresentado pelo governo federal não é suficiente para estabilizar a dívida pública, que atualmente chega a cerca de 80% do PIB [Produto Interno Bruto] brasileiro. Essa atitude refletiu na elevação das expectativas de inflação e gerou fortes impactos na taxa de câmbio, que atingiu suas máximas históricas”, avaliou o presidente da Fiergs, Claudio Bier.
O empresário entende que o movimento do Copom foi adequado para preservar a credibilidade da política monetária e manter a estabilidade econômica em médio e longo prazos. “Reconhecemos, contudo, que essa medida traz desafios significativos para o setor produtivo, sobretudo para as indústrias e os pequenos negócios, que já enfrentam elevadas pressões de custos”, concluiu o presidente da Fiergs.
Fecomércio-RS
O presidente da Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul), Luiz Carlos Bohn, também comentou a decisão do Copom.
“Havia muitas dúvidas e algumas certezas para essa decisão do Copom. Entre as dúvidas, estava a magnitude da alta e se a decisão seria unânime ou não. Entre as certezas, estava o fato de que a conjuntura apresentou uma dinâmica que apenas reforça pressões inflacionárias. No ambiente externo, tanto os dados de atividade nos EUA quanto os resultados da eleição apontam para um cenário à frente com mais inflação, o que acaba contratando taxas de juros mais altas, com reflexos sobre a cotação da moeda americana. No âmbito interno, a insuficiência do pacote fiscal em endereçar uma viabilização estrutural do arcabouço fiscal somado a um anúncio de isenção do Imposto de Renda para pessoas com renda mensal de até R$ 5 mil, ainda que com a intenção de ser compensada com a tributação de rendas mais altas, tornaram claro que não existe um compromisso genuino com o equilíbrio fiscal. Com o câmbio passando de R$ 6, a curva de juros precificando taxas altíssimas, expectativas de inflação se deteriorando para horizontes de tempo cada vez maiores, acelerar a alta dos juros era uma certeza. Enquanto o fiscal não fizer a sua parte, a política monetária vai ter esse gosto cada vez mais amargo. O Brasil já deveria ter aprendido a lição de que finanças públicas desequilibradas cobram, cedo ou tarde, o seu preço. A conta está chegando”, avaliou Bohn.