Segunda-feira, 16 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 15 de dezembro de 2024
O general Braga Netto (PL), ex-ministro da Defesa e vice na chapa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022, trocou mensagens de texto com o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid com o intuito de obter informações sigilosas da sua delação premiada e controlar o que estava sendo informado à PF (Polícia Federal). As interações teriam começado em agosto de 2023, quando a PF estava investigando Mauro Cid no âmbito da operação Lucas 12:2, que apurou a venda de joias recebidas de autoridades exteriores durante viagens oficiais por aliados de Bolsonaro.
Nas primeiras horas do dia 8 de agosto, 3 dias antes da operação, todas as mensagens trocadas pelo WhatsApp em aparelho apreendido com Lourena Cid foram apagadas. A investigação conseguiu acessar conversas do dia anterior, em 7 de agosto, as quais mostraram 2 mensagens e uma ligação de 3 minutos e meio trocadas com o contato salvo como “Walter BN” – que se refere a Walter Souza Braga Netto.
As interações, segundo a PF, tentavam obter informações sigilosas da delação premiada de Cid com o objetivo de controlar seu conteúdo. Outra conversa, de 12 de setembro daquele ano, entre Mário Fernandes, um dos “kids pretos”, grupo formado por militares do suposto plano de golpe, e o coronel reformado Jorge Kormann reforçaram o entendimento da corporação.
Fernandes teria dito a Kormann que os pais de Mauro Cid ligaram para os generais Braga Netto e Augusto Heleno, informando que “é tudo mentira”, se tratando, possivelmente, de acordo com a PF, das divulgadas pela imprensa sobre o acordo de colaboração. O diálogo se deu 3 dias depois da homologação do firmamento do acordo de colaboração premiada de Mauro Cid.
Eis a conversa:
– “Cel R1 KormannCmdos [Jorge Kormann]: – Na escuta – QAP.
– FEMARIO 3 [Mário Fernandes]: – Sobre a suposta Delação Premiada do Cid, a mãe e o pai dele (Cid) ligaram para o GBN e para o GH informando que é tudo mentira!!!
– Cel R1 KormannCmdos: – Ciente – Obg p/info”.
Os contatos com o pai de Cid, segundo a corporação, objetivavam a obtenção de dados sigiloso, o controle das informações repassadas e, ao que tudo indica, manter os demais integrantes do plano golpista informados. “O contexto dos fatos indica que o general Braga Netto tentou obter os dados do acordo através de familiares do colaborador e que a informação chegou ao investigado Mário Fernandes, como forma de tranquilizar os demais integrantes da organização criminosa de que os fatos relativos aos mesmos não estariam sendo repassados a investigação”, diz a PF.
No início de 2024, um um documento sobre o conteúdo da delação foi encontrado na mesa do assessor de Braga Netto, o coronel Flávio Botelho Peregrino, também alvo de buscas e apreensões da PF na operação de sábado (14) que levou à prisão do ex-ministro.
Eis o conteúdo do documento:
– “Teor das reuniões. O que foi delatado? -Nada… Eu não entrava nas reuniões. Só colocava o pessoal para dentro.
– “Minuta do 142”. Existia documento físico? – Eles sabem de coisas que não estavam em lugar nenhum (e-mail, celular, etc).
– Filipe Martins – Sabem dele por outros meios.
– Imprensa plantando narrativa dos FE liderando os movimentos (12 e 24 dez e 08 jan) – Está em outra investigação com o subprocurador do MPF (Dr Carlos Frederico – um FDP).
– O que está saindo na imprensa e que não foi delatado? -99% é fake. Requentam o que estava na imprensa.
Outras informações:
– Perguntaram muito do Gen. Mário.
– AM é “birrento”. Ele não ia soltar o Cordeiro. “Meu advogado é que teve que intervir”.
– Ressentimento com a parte política da direita: Rogério Marinho.
– Perguntaram sobre o Flávio B: aliviou.
– Não falou nada sobre os Gen Heleno e BN.
– GBN não é golpista, estava pensamento democrático de transparência das urnas. As informações são do site Poder 360.