Terça-feira, 17 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2024
“A única coisa errada nesse País é a taxa de juros, que está acima de 12%”, afirmou Lula.
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilO presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou as críticas ao Banco Central (BC) e disse que a condução da política monetária com seguidas elevações da taxa de juros é uma “irresponsabilidade”.
“A irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros todos os dias”, afirmou Lula em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, veiculada no domingo (15).
“A única coisa errada nesse País é a taxa de juros, que está acima de 12%”, afirmou Lula. ” Essa é a coisa errada. Não há nenhuma explicação. É uma inflação totalmente controlada. A irresponsabilidade é de quem aumenta a taxa de juros todo dia. Não é do governo federal. Mas nós vamos cuidar disso também.”
Na última semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou a taxa básica de juros (Selic) em um ponto porcentual, de 11,25% para 12,25% ao ano, em decisão unânime. Um dos votantes foi o próprio Gabriel Galípolo, indicado por Lula para suceder Roberto Campos Neto no comando do Banco Central no próximo ano.
Galípolo corre o risco de ter de elevar a Selic para um patamar superior ao que foi praticado no auge do mandato de Campos Neto, no qual a Selic chegou a 13,75%. Com a piora dos ativos brasileiros nas últimas semanas, a leitura dos economistas é de que o cenário ficou bem mais delicado desde o encontro do Copom de novembro. Agora, na avaliação deles, o País terá de passar por um processo ainda mais duro e longo de alta da taxa básica de juros.
Na entrebista, Lula também enviou mensagem ao mercado e afirmou que “ninguém tem mais responsabilidade fiscal do que ele”. “Ninguém nesse País, do mercado, tem mais responsabilidade do que eu. Não é a primeira vez que eu sou presidente da República”, disse. “Não é o mercado que tem que se preocupar com os gastos do governo. É o governo.”
Lula também afirmou que o Congresso Nacional tem a primazia na decisão do que entrará ou não no pacote de corte de gastos. “O pacote foi mandado para o Congresso Nacional, e o Congresso tem soberania para mudar as coisas. Se votar alguma coisa que eu possa mudar, eu posso mudar. Mas eu não vou puder mudar”, disse.
O presidente também disse que se reunirá com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois dos exames que serão feitos nesta quinta-feira (19), para definir o que poderá ser feito no texto da regulamentação da reforma tributária, que passará pelo crivo final da Câmara dos Deputados.
“Essa proposta aprovada pelo Senado e vai voltar para a Câmara. Quando eu voltar, a partir de quinta-feira vou conversar com as pessoas e vou ver o que a gente pode fazer. O que a gente não quer é aumento de tributo”, disse.
Lula recebeu alta hospitalar no domingo mas precisará ficar em São Paulo até quinta-feira, quando será realizada uma nova tomografia. Se não houver resultados negativos no exame, ele poderá voltar para Brasília. Nos próximos dias, o presidente não pode realizar exercícios físicos que demandem mais esforços e fazer viagens internacionais. (Estadão Conteúdo)