Terça-feira, 17 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 16 de dezembro de 2024
O principal índice de ações da Bolsa brasileira acumula desvalorização de quase 8% no ano.
Foto: ABrO Ibovespa chega a dezembro com uma performance nada satisfatória. O principal índice de ações da Bolsa brasileira acumula desvalorização de quase 8% no ano, aos 123.560 pontos. O desempenho reflete expectativas frustradas ao longo do ano – relacionadas, principalmente, ao cenário político.
A percepção de aumento de risco fiscal foi o maior gatilho para o desempenho pífio do índice. Conforme projeções da Instituição Fiscal Independente (IFI), o governo terá déficit primário de R$ 102,9 bilhões em 2025 e R$ 107,8 bilhões em 2026, em um “desequilíbrio estrutural” das contas públicas e da dívida pública.
Por isso, quando o ministro Fernando Haddad anunciou um pacote de corte de gastos que previa economia de R$ 70 bilhões em dois anos, cálculo considerado otimista, com uma proposta de isenção fiscal do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil – ou seja, uma diminuição de arrecadação –, a reação do mercado foi bastante negativa. O dólar chegou a bater a maior cotação da história, aos R$ 6,11, e os juros futuros saltaram para quase 14%.
Agora, o pacote fiscal está no Congresso. O avanço das votações sobre as medidas para a contenção de gastos, como limite ao reajuste do salário mínimo, restrição ao acesso ao abono salarial e idade mínima para a aposentadoria militar, deve ser a principal pauta dos parlamentares no ano que vem e o assunto mais relevante também para o mercado de capitais brasileiro em 2025.
A questão fiscal ditará o tom do mercado brasileiro – pelo menos na primeira metade do ano. A partir do segundo semestre de 2025, outro assunto deve entrar na cena: as eleições presidenciais de 2026. Os investidores começarão a ficar atentos em relação às primeiras pesquisas eleitorais.
Cenário externo
As pautas políticas internacionais também devem pesar no próximo ano, e não só sobre o mercado brasileiro. O republicano Donald Trump assume a presidência dos EUA em 20 de janeiro, com uma linha ainda não totalmente clara. Propostas como elevar tarifas sobre importados e promover guerra comercial com a China geram insegurança nos investidores, que ainda calculam os impactos das ideias trazidas pelo chefe de Estado.
“As tensões geopolíticas, como disputas comerciais, e a evolução das relações com grandes economias, como EUA, China e União Europeia, serão fatores-chave. Qualquer mudança nos acordos comerciais ou nas políticas de bloqueio econômico pode impactar o comércio internacional e afetar o desempenho das economias locais”, diz Alexandre Siqueira, assessor de investimentos e especialista em renda variável do Grupo Fractal.
Esse conjunto de incertezas faz com que analistas concentrem as recomendações em ações de empresas historicamente resilientes aos solavancos econômicos. “Empresas maduras, como as companhias elétricas e o setor financeiro no Brasil, podem ser consideradas como um local seguro para investir em 2025. Especialmente também pela recorrência de dividendos, que acabam trazendo um certo conforto para o investidor, de que o capital vai retornar através desses pagamentos”, afirma Alexandre Pletes, head de renda variável da Faz Capital.
(Estadão Conteúdo)