Terça-feira, 17 de dezembro de 2024
Por Carlos Roberto Schwartsmann | 17 de dezembro de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Depois de 50 anos exercendo a medicina fico envergonhado e triste ao constatar que a saúde nunca foi tão ruim e perversa no nosso país como nos dias atuais.
Contradizendo os gestores, na minha especialidade, a ortopedia, a espera para realização de uma cirurgia eletiva, como a prótese total do quadril, e de mais de 700 dias! Por sorte, nesta patologia, o paciente não evoluíra para a morte. Na pior das hipóteses aguardará com muletas ou na cadeira de rodas.
Recentemente no programa PAMPA DEBATES sentei ao lado de prefeito reeleito de uma cidade média do nosso interior. Prometia o mesmo melhorar ainda mais as condições urbanísticas bem como estimular e promover o potencial turístico da sua bonita cidade.
Por poucos segundos desisti da ideia de lhe perguntar, na transmissão ao vivo, se sua cidade tinha maternidade.
Decidi evitar constrangimentos. Entretanto, fora do ar, fui direto a pergunta: “Sr. prefeito, a sua cidade tem maternidade?”
Ele, visivelmente encabulado, respondeu: NÃO!!
Retruquei: “Onde nascem as crianças da sua cidade?”
“Nascem em outra a 41 km de distância.”
Como médico, como filho, como pai, acho que isto não é correto. É um verdadeiro absurdo.
E um descaso governamental inacreditável!
No final da gravidez a gestante necessita de tranquilidade e paz.
Necessita de apoio físico, mental e familiar!
Neste momento tão importante, justamente na hora do parto, o cenário é de ansiedade, de medo e incertezas.
Onde meu filho vai nascer? Quem será o obstetra? Vai dar tempo de viajar? São dúvidas reais e cruéis.
Quase metade dos municípios gaúchos não tem maternidades. Cito, entre eles, Guaíba, Viamão Alvorada, São Francisco de Paula…
Recentemente nosso sindicato médico SIMERS emitiu comunicado que e´ “alarmante o fechamento de centros obstétricos e UTIs neonatais no nosso estado”.
A falta de maternidades causa dramas e transtornos familiares e sociais.
Sr. prefeito, neste momento ímpar e que há risco para as mães e seus bebês, acho que deveríamos tratá-los com um pouco mais de dignidade e carinho!
Como munícipe, caro leitor, entregue esta coluna ao seu prefeito e pergunte: “O senhor não fica envergonhado de não nos oferecer uma pequena, limpa e acolhedora maternidade para que nossos filhos possam nascer aqui?
O cenário atual é um retrocesso da medicina!
Será que devemos nos manter calados.
E a maternidade, prefeito?!
(Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário – schwartsmann@santacasa.org.br)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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