Quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 17 de dezembro de 2024
Indicadores econômicos divulgados pelo governo gaúcho nessa terça-feira (17) sinalizam a recuperação do mercado de trabalho no Rio Grande do Sul no período de julho a setembro. O contingente de indivíduos com ocupação remunerada apresentou saldo positivo de 122 mil empregos (alta de 2,1%) em relação ao trimestre anterior – que abrange maio, marcado pelas enchentes recordes no Estado.
Na comparação com o ano passado, o Estado também apresentou elevação (2,4%) no número absoluto de ocupados. Santa Catarina (4,3%), Paraná (2,4%) e São Paulo (2,3%) acompanharam o bom desempenho, assim como a média nacional (3,2%).
Os dados constam em boletim periódico do Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG).
A taxa de desocupação (TD) em relação aos três meses anteriores, caiu 5,9% para 5,1% no Estado. Considerando-se apenas os terceiros trimestres do ano, este foi o de menor nível de desocupação desde 2015 na série temporal da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na mesma referência comparativa, no terceiro trimestre a taxa de desocupação apresentou queda em Santa Catarina, de 3,8% para 2,8%, e no País, de 6,9% para 6,4%. Paraná e São Paulo mantiveram-se estáveis, com 4% e 6%, respectivamente.
A autoria é dos pesquisadores Raul Bastos e Guilherme Xavier Sobrinho, a partir de informações da PNAD Contínua e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) – base estatística produzida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Guilherme frisou:
“Após um momento adverso no mercado de trabalho gaúcho, em razão dos eventos meteorológicos extremos do segundo trimestre de 2024, em outubro o estoque de postos formais já superava, por pequena diferença, o patamar de abril, anterior ao desastre. Importante lembrar que, em maio e junho, o Rio Grande do Sul perdeu 30 mil empregos formais. A redução sofrida só encontra paralelo, em magnitude, nos dois primeiros meses de eclosão da covid, em 2020”.
Mercado formal
A análise dos dados acumulados dos últimos 12 meses, entre outubro de 2023 e outubro passado, evidencia acréscimo de 2,2% no estoque de empregos formais, com o total de 61,7 mil novos postos de trabalho. Ainda que positivo, o resultado mantém o Rio Grande do Sul na última posição entre as Unidades da Federação quanto ao percentual de aumento de empregos formais. O topo do ranking é ocupado pelo Amapá, que, no mesmo período, apresentou variação de 10,6%.
Os setores que mais contribuíram para a expansão do emprego formal no RS foram Serviços, com percentual de 63,3%, e Comércio, com 19,1%. Construção respondeu com 12,2%, resultado considerado expressivo para o setor, uma vez que detém apenas 5% do emprego formal gaúcho. Já a Indústria contribuiu com 5,8% dos empregos adicionais e a Agropecuária, o menor setor no mercado formal, foi o único a enfrentar uma retração próxima à estabilidade.
A análise dos diferentes grupos populacionais aponta que as mulheres ficaram com 59,1% dos empregos gerados no RS nos últimos 12 meses, o equivalente a 36,5 mil postos de trabalho. A vantagem em relação aos homens se verificou em todos os cinco principais grupamentos setoriais, com exceção da Construção.
Mercado informal
A comparação entre o terceiro trimestre de 2024 com o mesmo período de 2023 mostra que o número absoluto de ocupados informais subiu 7% no Estado, valor superior ao do País (2,4%). O percentual do RS representa mais 128 mil pessoas no mercado informal.
O recorte por sexo, na comparação do terceiro trimestre de 2024 com o mesmo período de 2023, mostra que a ocupação informal cresceu mais entre os homens, com acréscimo de 81 mil pessoas, do que entre as mulheres, com 47 mil.
Em relação à faixa etária, a ocupação informal no terceiro trimestre de 2024, em termos interanuais, cresceu mais entre os jovens de 14 a 29 anos (9,4%, mais 42 mil pessoas), e entre os idosos de 60 anos ou mais (11,4%, mais 33 mil pessoas).
A análise do DEE aponta, ainda, que a ocupação informal foi superior, no terceiro trimestre, entre os negros em comparação aos brancos: 10% contra 5,9%.
“O trabalho informal teve uma elevação expressiva no Rio Grande do Sul em bases interanuais, superior à do país, enquanto nos demais estados da Região Sul e em São Paulo permaneceu estável”, esclareceu Bastos. “A ocupação informal, uma medida de desproteção social do trabalho, se elevou com maior intensidade, no terceiro trimestre de 2024, entre os homens, os jovens, os idosos, os negros e entre as pessoas com níveis de instrução médio e superior completo”, resumiu.
(Marcello Campos)
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