Quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 18 de dezembro de 2024
Interlocutores do general Walter Braga Netto afirmam que a troca de advogado do general, quatro dias depois de sua prisão, teve influência direta do entorno de Jair Bolsonaro.
A avaliação do grupo que cerca o ex-presidente é que o defensor anterior não tinha “estatura” para lidar com o tamanho do problema que o militar enfrenta no inquérito do golpe e que seria importante ter um “medalhão” na causa. O entorno de Bolsonaro fez o recado chegar à família de Braga Netto.
Aliados do ex-presidente, inclusive, se dispuseram a angariar recursos para ajudar a pagar um advogado renomado.
Como informou o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, a família de Braga Netto destituiu o advogado Luis Prata, que defendia o militar, para contratar José Luis Oliveira Lima, um dos criminalistas mais respeitados do Brasil.
Oliveira Lima já defendeu nomes como o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, alvo de acusações de assédio sexual, o ex-diretor da TV humorista Marcius Melhem, também acusado de assédio sexual, e fez a delação do empreiteiro Léo Pinheiro com a Operação Lava-Jato.
Após a publicação da nota, o assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, entrou em contato com a coluna e disse que o ex-presidente não teve envolvimento na troca de advogado de Braga Netto.
Delação
O advogado criminalista José Luís de Oliveira Lima, que assumiu a defesa do general Walter Braga Netto, ex-ministro e ex-candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL), considera a delação como um meio de defesa, embora ainda não haja nenhuma negociação nesse sentido, afirmou o colunista Aguirre Talento, no UOL News, do Canal UOL, nessa quarta-feira (18).
“Ele é um advogado que entende que colaboração é, sim, um meio de defesa, mas a apuração que tenho neste momento é que não há uma intenção de discutir acordos de delação”, diz Aguirre.
Braga Netto foi preso no último sábado (14) sob alegação de obstruir a Justiça. O general é suspeito de coordenar a tentativa de golpe no fim do governo de Bolsonaro, em 2023. Três dias depois de sua prisão, a família do militar então decidiu trocar o seu advogado por um criminalista que já atuou em defesa do petista José Dirceu, ex-ministro no governo Lula. Lima apresentou uma petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo acesso aos autos e juntando a procuração assinada pelo general.