Sexta-feira, 20 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 19 de dezembro de 2024
O Relatório Trimestral de Inflação, divulgado nesta quinta-feira (19) pelo Banco Central (BC), mostra o agravamento do cenário externo e interno da economia e admite o estouro do teto da meta para este ano. Segundo o BC, a inflação ficará acima do intervalo de tolerância, que é de 4,5%, até o terceiro trimestre de 2025.
Na avaliação do economista Sérgio Vale, da MB Associados, o relatório falhou ao analisar o contexto fiscal brasileiro. Vale cita a primeira frase da página 59 do relatório, “Do ponto de vista fiscal, supõe-se que os resultados melhorem ao longo do tempo”, que afirma manda um recado equivocado ao Congresso que vota esta semana o pacote de medidas fiscais.
“Essa frase aponta o oposto do que estamos vivendo. Parece que o Banco Central quis se esquivar da questão fiscal. Há algum tempo se tem esse entendimento de que fiscal é com a Fazenda e política monetária é com o BC, mas quando a principal questão que influenciará a política monetária nos próximos dois será a questão fiscal, isso teria que ficar melhor explicado. A situação é mais grave do que dá a entender o relatório e isso pode passar uma indicação errada ao Congresso, que já recebeu um pacote considerado insuficiente e ainda age para desidratá-lo. O mercado já projeta uma taxa de juros de 16%, 17% e um aumento de 1,5 da Selic para a próxima reunião. Era importante inclusive o BC ter explicado a questão fiscal para justificar esse cavalo de pau dado nos juros na última reunião do Copom”, diz o economista.
Resultado primário
Para Vale, o relatório deveria indicar com clareza qual o resultado primário necessário para estabilizar a dívida: “Isso poderia ser uma indicação para o Congresso diante de um cenário em que se prevê uma inflação em 12 meses na casa dos 5%, câmbio pressionado e há uma sinalização do Fed de encerramento de corte de juros, com possibilidade de uma recessão nos EUA o que pode torna a política de Trump ainda mais errática. Os cenários externo e interno se deterioram de uma forma que não é possível ser otimista com 2025.” As informações são do jornal O Globo.