Sábado, 21 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 20 de dezembro de 2024
Durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, uma prática controversa ganhou destaque: a concessão de indenizações vultosas a militares da ativa que optavam por passar para a reserva. Dados obtidos por meio do Portal da Transparência revelam que essas compensações financeiras beneficiaram diretamente integrantes de alto escalão, alguns deles envolvidos em tramas golpistas denunciadas pela Polícia Federal (PF) em 2022. No total, esses pagamentos somaram cerca de R$ 2,2 milhões nos últimos anos.
Entre os militares favorecidos está o general “kid preto” Mário Fernandes, acusado de arquitetar um plano para assassinar figuras-chave do governo e do Judiciário, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que na época era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Fernandes recebeu R$ 421,9 mil, sendo R$ 262,4 mil em 2020 ao ingressar na reserva e outros R$ 159,5 mil em verbas indenizatórias em 2021.
Outro nome destacado é o general Paulo Sérgio de Nogueira, ex-ministro da Defesa, que em 2021 recebeu R$ 300 mil em indenizações. Já o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha do Brasil, acumulou R$ 364,3 mil. Ele recebeu R$ 265,1 mil em 2021 e outros R$ 99,4 mil em 2023, mesmo após a divulgação de um vídeo institucional afirmando que a Marinha “não possuía privilégios”.
O general Estevam Theophilo também foi contemplado. Em 2023, ele recebeu R$ 381 mil como indenização pela migração para a reserva e, em 2024, embolsou mais R$ 394 mil em verbas indenizatórias, totalizando R$ 776 mil. O coronel Cleverson Magalhães, apontado como intermediário de Mauro Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro) para contatos com Theophilo, recebeu R$ 288,8 mil ao entrar para a reserva em novembro de 2023.
O coronel Giovani Pasini, acusado de elaborar e revisar uma carta destinada a pressionar o Alto Comando do Exército a aderir a um plano golpista, foi outro beneficiado. Ele recebeu R$ 222,6 mil em fevereiro de 2023.
Ainda em 2020, o então deputado Elias Vaz (PSB-GO) denunciou que o general Braga Netto, também citado pela PF por envolvimento na trama golpista, acumulou impressionantes R$ 926 mil em apenas dois meses, valores referentes a indenizações, salários e férias não gozadas, reforçando as suspeitas de privilégios no alto escalão militar durante o período.