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Economia Após a aprovação, pelo Congresso, de um pacote de contenção de gastos considerado tímido pelo mercado, Lula sinalizou a possibilidade de novas medidas no ano que vem

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Ao lado do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, Lula exaltou a importância do combate à inflação. (Foto: Reprodução/Instagram)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizou na sexta-feira (20) a possibilidade de novas medidas no ano que vem. O pacote de contenção de gastos, aprovado pelo Congresso, foi considerado tímido pelo mercado. Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falou que essa seria “uma primeira leva de ajuste”.

Mais tarde, Lula publicou um vídeo nas redes sociais no qual afirma que o governo seguirá atento à necessidade de novas medidas: “tomamos as medidas necessárias para proteger a nova regra fiscal e seguiremos atentos à necessidade de novas medidas. O Brasil é guiado por instituições fortes e independentes que trabalham em harmonia para avançar com responsabilidade.”

Em encontro com a imprensa, Haddad havia afirmado que o pacote de corte de gastos aprovado pelo Congresso representa apenas a “primeira leva” de medidas do ajuste fiscal do governo: “apenas esse pacote não é o suficiente. Estamos chegando ao último dia do ano legislativo. Ou eu mandava agora para aprovar uma primeira leva de ajustes, ou deixava um pacote mais robusto para o próximo ano, o que geraria mais incerteza. Melhor submeter ao Congresso o que está pacificado.”

No vídeo, ao lado do novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, Lula exaltou a importância do combate à inflação e prometeu jamais interferir na autoridade monetária. Galípolo assumiu interinamente nesse sábado (21)  a presidência da autarquia e oficialmente em 1º de janeiro. Estavam presentes Haddad e os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e do Planejamento, Simone Tebet.

“Jamais haverá, da parte da Presidência, qualquer interferência no trabalho que você tem que fazer no BC”, disse Lula a Galípolo. “Que você seja um espelho para que esse Brasil possa ver que nós estamos consertando o Brasil”, completou.

Segundo Lula, Galípolo “é um presente para o Brasil” e terá muita autonomia: “você será certamente o mais importante presidente do BC que esse País já teve, porque será o presidente com mais autonomia que o BC já teve. Pela sua qualidade profissional, experiência de vida e compromisso com o povo brasileiro. Vai dar uma lição de como se governa o BC com verdadeira autonomia.”

Lula afirmou ainda que está “mais convicto que nunca” de que a estabilidade econômica e o combate à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras.

A sinalização de novas medidas e a promessa de autonomia contribuíram para mais uma trégua no câmbio. O dólar comercial recuou 0,81%, a R$ 6,0719 — na quarta-feira, havia atingido o recorde histórico de R$ 6,26. Na mínima do dia, a moeda foi negociada a R$ 6,0477.

Apesar da queda de ontem, na semana a moeda acumulou alta de 0,6%.

Acalmando o mercado

Para Caique Stein, especialista em investimentos offshore da Blue3 Investimentos, o vídeo do presidente Lula foi importante para acalmar o mercado com relação ao BC sob o comando de Galípolo. Mas observa: “se isso vai se sustentar com o tempo, veremos conforme o filme for passando.”

O BC fez três intervenções ontem, uma no mercado à vista e dois leilões de linha (que têm compromisso de recompra futura). Logo depois da abertura do mercado de câmbio, foram vendidos US$ 3 bilhões. Os dois leilões de linha foram de US$ 2 bilhões cada. Ou seja, um total de US$ 7 bilhões no dia.

Desde 12 de dezembro, a autoridade monetária já vendeu US$ 27,75 bilhões entre leilões à vista e de linha.

Para Haddad, houve uma “escorregada” no câmbio, que precisa ser corrigida: “houve um fortalecimento da moeda americana no mundo inteiro, aqui foi maior. Temos que corrigir essa escorregada que o dólar deu aqui. Não no sentido de buscar um nível de dólar, uma meta. Na minha opinião, o BC deveria atuar para buscar equilíbrio sempre que houver uma disfuncionalidade.”

Segundo o ministro, a alta do dólar foi maior no Brasil porque houve um “problema de comunicação” no anúncio do pacote. As informações são do jornal O Globo.

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