Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Pedro Saraiva | 23 de dezembro de 2024
O Brasil precisa se preparar para um cenário de maior instabilidade no comércio global.
Foto: ReproduçãoEsta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Esta segunda eleição de Donald Trump, marcada por uma vitória republicana tanto na Câmara quanto no Senado, permitirá que o futuro presidente atue com mais liberdade para cumprir suas promessas de campanha. A imposição de tarifas sobre importações e a organização de deportações em massa de imigrantes ilegais são o papel central para a agenda de 2025.
De fato, a imposição de tarifas globais de 10% a 25% sobre todos os produtos importados, conforme ventilado por aqueles que irão compor a administração Trump, claramente apresenta pontos negativos para a economia brasileira, afinal de contas, os Estados Unidos são nosso segundo maior parceiro comercial. Todavia, pouco tem se falado sobre a possibilidade de impactos negativos na economia brasileira quando, nos Estados Unidos, cogita-se a ideia de deportação em massa de imigrantes ilegais.
Hoje o Departamento de Segurança Interna dos EUA estima que 11 milhões de imigrantes ilegais residam no país. A deportação em massa desse grupo reduziria drasticamente a oferta de mão de obra em diversas áreas da economia americana. Mantendo as outras variáveis constantes, é sensato pensar que isso traria uma pressão altista na inflação e, por consequência, na taxa de juros local (o remédio amargo para combater a alta generalizada dos preços).
Uma maior taxa de juros nos Estados Unidos serve como ímã para os recursos ao redor do mundo, fortalecendo a moeda americana e, por fim, impactando a economia brasileira. Grande parte do que consumimos no Brasil é impactada diretamente pela cotação do dólar frente ao real. Quanto maior a valorização do dólar em relação à nossa moeda, mais caras ficam nossas importações.
Como consequência, o Brasil precisa se preparar para um cenário de maior instabilidade no comércio global. Vimos que até mesmo mudanças em posicionamentos sobre problemas fundamentalmente norte-americanos podem nos afetar negativamente. Termos nossas contas públicas em ordem é o primeiro passo (e um dos mais básicos). Em seguida, precisamos de políticas públicas que aumentem a competitividade da nossa economia, garantindo que sejamos players relevantes em um mercado global que passa por uma fase aguda de mudanças.
Pedro Saraiva é associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE) e sócio da Capse Investimentos.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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