Sábado, 28 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de dezembro de 2024
Pelo menos 10.457 migrantes morreram ou desapareceram enquanto tentavam chegar à Espanha por via marítima em 2024, informou a ONG Caminando Fronteras, nessa quinta-feira (26). Este número representa o pior balanço desde o início da coleta de dados pela organização, em 2007.
O total registrado é 58% superior ao do ano passado e inclui 1.538 crianças e 421 mulheres, segundo o relatório da ONG, que cobre o período de 1º de janeiro a 5 de dezembro de 2024. Em média, foram registradas 30 mortes por dia, em comparação com 18 mortes diárias em 2023.
A Caminando Fronteras baseia suas estatísticas em chamadas de socorro feitas pelos próprios migrantes, relatos de familiares de pessoas desaparecidas ou falecidas e dados oficiais de salvamento. A ONG atribui o aumento das mortes ao uso de embarcações precárias, às rotas cada vez mais perigosas e à insuficiência dos recursos empregados pelos serviços de resgate no mar.
“Esses números evidenciam um profundo fracasso dos sistemas de resgate e proteção. Mais de 10.400 pessoas mortas ou desaparecidas em um único ano é uma tragédia inadmissível”, afirmou Helena Maleno, fundadora da Caminando Fronteras, em comunicado.
As mais de 10.000 vítimas registradas em 2024 eram provenientes de pelo menos 28 países, em sua maioria africanos, mas também de lugares como Iraque e Paquistão. A grande maioria das fatalidades (9.757) ocorreu na rota do Atlântico da África para as Ilhas Canárias da Espanha. Na quarta-feira (25), dia de Natal, pelo menos sete embarcações com centenas de migrantes chegaram ao arquipélago espanhol, segundo informou o Salvamento Marítimo, órgão estatal espanhol de resgate marítimo, no X.
As chegadas de migrantes às Ilhas Canárias, principal rota de imigração irregular para a Espanha, atingiram um novo recorde este ano, superando os números do ano anterior, que já eram altos. No total, 43.737 migrantes chegaram ao arquipélago em 643 embarcações entre janeiro e meados de dezembro de 2024, superando os 39.910 registrados ao longo de 2023, segundo o Ministério do Interior espanhol.
A distância mais curta entre as Ilhas Canárias e o continente africano é de 100 quilômetros, entre a cidade marroquina de Tarfaya e a ilha de Fuerteventura. Juntamente com Itália e Grécia, a Espanha é uma das três principais portas de entrada de migrantes na Europa.
Entre 1º de janeiro e 15 de dezembro de 2024, o número de migrantes que chegaram ilegalmente à Espanha aumentou para 60.216, um crescimento de 14,5% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o Ministério do Interior espanhol. A maioria, mais de 70%, desembarcou nas Canárias. As informações são da agência de notícias AFP.