Sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de janeiro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva brincou com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na cerimônia em alusão aos dois anos dos atos do 8 de Janeiro no Palácio do Planalto na última quarta-feira.
“Tenho 79 anos de idade, já vivi muito vendo a vida da Suprema Corte brasileira, e nunca conheci um ministro da Suprema Corte que tivesse um apelido dado pelo povo, chamado Xandão. É um apelido que já pegou. E desse apelido você nunca mais vai se libertar, e não adianta ficar nervoso porque ninguém vai parar de te chamar de Xandão”, disse a Moraes.
Em outro momento, Lula também se referiu a Moraes como Xandão ao lembrar do plano, revelado pela Polícia Federal (PF), que envolvia o assassinato deles dois e do vice Geraldo Alckmin após as eleições de 2022. O plano foi descoberto na investigação sobre a trama golpista, quando a PF indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 39 pessoas.
“Escapei da tentativa junto com o Xandão e companheiro Alkcmin de um atentando de um bando de irresponsáveis, aloprados, que acharam que eu não precisava assumir a Presidência depois do resultado eleitoral e que seria fácil tomar o poder”, disse Lula.
Sem os presidentes dos outros Poderes, Lula discursou em evento no Palácio do Planalto que marcou os dois anos dos ataques antidemocráticos em 8 de janeiro de 2023. O evento teve a participação de nomes do governo, Supremo Tribunal Federal (STF) e Congresso Nacional.
Não estiveram presentes os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso; do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também chefe do Congresso; e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Todos enviaram representantes.
O vice-presidente da Suprema Corte, Edson Fachin, levou à cerimônia uma mensagem de Barroso que descreve o 8 de Janeiro como “uma trama que visava o golpe de Estado”.
“Não devemos ter ilusões da narrativa falsa de que enfrentar o golpismo constituiria autoritarismo. É o disfarce dos que não desistiram das aventuras antidemocráticas com a supressão dos direitos humanos. Não virão tempos fáceis, mas precisamos continuar a resistir”, leu Fachin.
O ministro acrescentou, em seu discurso, que a Constituição “estabeleceu o modo pelo que se dá a alternância do poder, pelo voto popular, secreto e direto” e que “os resultados (das eleições) devem ser respeitados dentro da legalidade”.
“O STF teve e tem papel decisivo na defesa da lei e da ordem democrática, junto aos demais poderes aqui representados”, declarou Fachin, completando: “A Constituição estabeleceu que o jogo é o da democracia e, numa democracia, não cabe ao árbitro construir o resultado. O juiz não pode deixar de responsabilizar quem violou as regras do jogo, mas não lhe cabe dizer quem vai ganhar.”
Enviado por Pacheco, o senador Veneziano Vital do Rêgo, primeiro vice-presidente da Casa, pediu justiça na operação da Polícia Federal que revelou um plano golpista no qual militares tramavam os assassinatos de Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e de Moraes.
“Entre membros das Forças houve aqueles que não se predispuseram a subjugar-se à infâmia dos que tentavam e tramavam contra as vidas (…) É necessário que façamos justiça porque não podemos tratar igualmente os que são desiguais”, comentou Vital do Rêgo ao citar o caso.
Representando Lira, que está em Alagoas, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) declarou que “quem tentar romper a democracia não terá leniência”:
“Não nos reunimos de forma confortável, já que não queríamos a existência desta data. Mas, precisamos não nos acomodarmos e fincar que nunca mais aceitaremos ditaduras. Trago o abraço do Arthur Lira, que não pôde estar conosco nesta data.”