Sábado, 11 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de janeiro de 2025
Dados atualizados pelo Ministério da Saúde apontam que 84% dos casos de dengue registrados nas últimas semanas se concentram em seis Estados. No topo do ranking está São Paulo, seguido por Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Paraná e Santa Catarina. Isso não significa que a situação nas demais unidades federativas dispense preocupação por parte das autoridades – no Rio Grande do Sul, a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti matou 281 pacientes no ano passado.
A tendência de aumento coloca as autoridades sanitárias em novo alerta. “Ainda não estamos numa situação de emergência (para a dengue)”, afirma a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA), Ethel Maciel. Até porque, historicamente, a ocorrência costuma subir no período entre fevereiro e maio.
No ano passado, a dengue atingiu patamares inéditos no País. Foram mais de 6,4 milhões de casos prováveis, um aumento de 303,2% em relação a 2023. Foram mais de 6 mil mortes (outras 875 seguem em investigação).
Em 2025, até quarta-feira, 8, foram notificados 10,1 mil casos prováveis e dez óbitos estão em investigação. Mais de 50% dos casos estão concentrados nos Estados de São Paulo e Minas Gerais. No Rio Grande do Sul, já são 20 testes positivos e nenhuma perda humana, ao menos até agora.
De acordo com a modelagem preditiva do InfoDengue, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para a nova temporada da doença no País, estima-se que os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraná apresentarão incidência acima da observada em 2024. Mas tais modelos não consideram a expansão do sorotipo 3 do vírus que tem se desenhado nas últimas semanas.
“Não temos nenhuma estimativa. A nossa estimativa é reduzir o número de casos e, ao mesmo tempo, com muita prioridade, evitar as mortes”, acrescenta a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Embora não haja um remédio ou terapia específico para a doença, os óbitos são consideradas evitáveis. O sucesso do manejo se dá na identificação precoce de sinais de alarme, que indicam um agravamento do caso. Quanto mais rápido eles forem detectados e o tratamento, com foco na hidratação do paciente, começar, melhor o prognóstico.
Nísia salienta que, em 2024, boa parte dos países enfrentaram aumento nos casos de dengue Ainda segundo ela, o principal motivo para isso são as mudanças climáticas, com padrões irregulares de chuva e altas temperaturas, criando condições propícias para que o mosquito Aedes aegypti se reproduza mais e chegue a áreas em que antes não conseguia se proliferar.
“Nós tivemos, em 2024, temperaturas reportadas como as mais altas desde o início de nossas modelagens matemáticas”, completa Ethel.
A ministra informou que a pasta está dedicada à implantação do plano de contingência da dengue anunciado em setembro. Ele prevê intensificação das ações de conscientização para eliminação dos criadouros de mosquitos e investimento em tecnologias, incluindo a expansão do método Wolbachia de três para 40 cidades até o fim do ano, a liberação de insetos estéreis em aldeias indígenas e a instalação de estações disseminadoras de larvicidas.
A pasta segue com a estratégia de vacinação do público de 10 a 14 anos em cidades com maior incidência da doença. Para este ano, a previsão é distribuir 9,5 milhões de doses. Até agora, o único imunizante disponível é o da farmacêutica Takeda, que, como já mostrou o Estadão, oferece aos países um quantitativo restrito de doses.
Incerteza
Existem quatro sorotipos do vírus causador da doença (DENV-1, 2, 3 e 4). Ao contrair dengue, a pessoa fica imunizada permanentemente para o sorotipo que causou a infecção, mas não para os outros, daí a doença poder ser contraída mais de uma vez.
No ano passado, após décadas, os quatro sorotipos circularam ao mesmo tempo no País. De acordo com Ethel, o tipo 1 predominou por bastante tempo, de 2023 a 2024, no Brasil, sendo o principal responsável pelas infecções por aqui. O tipo 2 cresceu em importância ao longo do ano passado, encontrando muitas pessoas “suscetíveis”, ou seja, que não apresentavam defesas contra ele.
Agora, frisou Ethel, a preocupação é com o sorotipo 3. Segundo ela, nas últimas semanas de dezembro, foi observado um aumento significativo de casos causados por ele, em especial em São Paulo, Amapá, Paraná e Minas Gerais. “O sorotipo 3 não circula no Brasil desde 2008. São 17 anos sem esse sorotipo circulando em maior quantidade. Temos muitas pessoas suscetíveis.” (Estadão Conteúdo)
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