Domingo, 12 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de janeiro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Eu juro que tento evitar, mas é difícil não encarar as manifestações absurdas do presidente de um país, quando ele diz que os homens amam mais as amantes do que suas esposas. Tipo, diz isso rindo. Fazendo piada. Como se fosse a coisa mais normal do mundo – possivelmente, porque no seu universo infeliz em que o casamento dele deve ser um fardo, é.
O fato aconteceu essa semana, o presidente é o Lula e o país é o nosso, esse Brasil tão maravilhoso, tão cheio de vida e que agora tem até uma atriz premiada com um Globo de Ouro. Sim, contém ironia. Afinal, se, por um lado, enaltecemos a força da mulher brasileira, por outro, a jogamos a um lugar de insignificância tão grande que sequer é respeitada pelo marido.
Veja, essa fala é absolutamente infame para quem, como eu, acredita na família como base de uma sociedade saudável. E não estou falando de uma família necessariamente tradicional, com pai e mãe sendo homem e mulher. Estou falando de uma família onde haja amor e respeito, podendo ser formada por quem quer que seja. Essa é a base! Porque se há amor e respeito, nada mais importa. Desse terreno fértil só nasce coisa boa.
O problema é a família onde faltam esses dois elementos. E um homem que ama mais a amante do que a esposa, certamente, também não a respeita. Logo, estamos diante de uma família disfuncional, um terreno tóxico que, infelizmente, gerará frutos cheios de dores e cicatrizes e frustrações. Então… Entendem a gravidade do que está por trás do tal “gracejo” do líder maior da nação? Ele simplesmente desdenha, com naturalidade, do respeito à pessoa que divide com você a sua vida. Aquela pessoa a quem se fez votos não só de fidelidade, mas de parceria.
E nem é apenas filosófica a questão. As consequências são uma realidade de casos de violência sem fim contra a mulher. Porque só bate na mulher quem a julga mais fraca, dependente, inferior e a subjuga à sua superioridade. O grande porém é que quem ama não bate. Quem respeita, trata de igual para igual.
O feminicídio é o ápice de uma tragédia anunciada quando se vive em um país com profundas raizes machistas. Trata-se de um crime cujo surgimento depende da equivocada premissa que mulheres são propriedade de homens – ou seja, “coisas”. A violência contra a mulher existe onde a cultura a vê como inferior.
É preciso mudar essa cultura. É preciso envolver a sociedade. É preciso conscientizar os homens aliados e educar as novas gerações.
Nada disso servirá, contudo, enquanto tivermos líderes cujas ações e palavras apenas incentivam essa cultura do machismo.
Como em qualquer organização – e a sociedade é uma organização – o exemplo precisa vir de cima. A cultura de uma população é ditada pelo topo da pirâmide. Daí a enorme responsabilidade do líder. Afinal, é ele quem serve de guia.
Nesse momento, contudo, estamos perdidos.
Instagram: @ali.klemt
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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