Segunda-feira, 13 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de janeiro de 2025
Dois homens foram mortos e seis pessoas ficaram feridas após serem baleadas durante um ataque a um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), na zona rural de Tremembé, no interior de São Paulo. As investigações seguem para identificar outros envolvidos na ação, que também será apurada pela Polícia Federal após determinação do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A polícia prendeu no sábado Antônio Martins dos Santos Filho, conhecido como “Nero do Piseiro”, suspeito de ter chefiado o ataque. Ele foi reconhecido por testemunhas que viram os criminosos chegando ao local em carros e motos e momentos depois atiraram. O homem já tinha passagem por porte ilegal de arma de fogo e confessou o crime. O acusado participou da ação e foi reconhecido pelas vítimas e é apontado como responsável intelectual do ataque.
De acordo com o boletim de ocorrência, o segundo suspeito de ter envolvimento no ataque ao assentamento é Ítalo Rodrigues da Silva. Ele foi reconhecido por uma das vítimas que estão internadas e também foi identificado pelo suspeito que já está preso, que apontou a participação de Ítalo no ataque. Na tarde desse domingo, a Justiça de São Paulo autorizou a prisão temporária de Ítalo, que segue foragido.
Os agentes da Delegacia Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Taubaté buscam identificar os outros suspeitos de envolvimento no ataque. O caso será investigado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido.
Briga por terra
Nesse domingo (12), o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar do governo Lula (PT), Paulo Teixeira, participou do velório das duas vítimas. Segundo ele, a ação foi motivada por uma disputa de lote.
“[Os atiradores] quiseram subtrair um lote, eles [os assentados] foram defender o lote. Isso aconteceu às cinco da tarde. Às oito da noite, chegou esse grupo de vândalos e atirou, levando à morte já dois desses assentados”, disse Teixeira em entrevista em Tremembé.
Coordenador do MST, Gilmar Mauro falou que a região alvo do ataque é uma área de muitos assentamentos próximos às zonas urbanas.
“Portanto, se tornaram motivo da sanha do capital imobiliário local. Primeiro, invadindo áreas de reservas florestais e depois lotes dentro dos assentamentos com o objetivo de transformar esses em áreas de condomínios, de especulação imobiliária”, afirmou.
As falas do ministro e do líder do MST divergem da afirmação do delegado da Polícia Civil de Taubaté, que disse no sábado que o confronto foi motivado por um desentendimento sobre a negociação de um terreno dentro da área do assentamento.
“A intenção do grupo [que atacou] não era tomar posse. Era uma cobrança no sentido de que [alguma] pessoa não estava aceitando a negociação. Foi uma desinteligência totalmente fora de controle por motivos internos da organização do assentamento”, disse o delegado Marcos Ricardo Parra.