Quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Por Flavio Pereira | 16 de janeiro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
No comando da Câmara de Vereadores de Porto Alegre desde o primeiro dia do ano, a vereadora Nadia Gerhard (PL), conhecida no meio político como Comandante Nádia, demonstra estar à vontade nessa posição de protagonismo. Ela tem exata noção do seu papel político: “Eu represento o militar, a segurança, a proteção, a família, a liberdade, o empreendedorismo. Tudo aquilo que é o avesso do que a oposição quer”. Os primeiros testes da base do governo Melo nas sessões deliberativas têm demonstrado uma unidade que mostra a afinidade daqueles vereadores que acreditaram nesse projeto vitorioso nas urnas”, explica.
“Tenho como missão liderar outros 34 líderes”
No comando do legislativo, a Comandante Nádia tem uma compreensão do seu papel:
“Aqui, todo presidente do legislativo tem como obrigação ‘liderar 34 lideres’ que têm sua história, sua ideologia e sua representatividade que deve ser respeitada. Acho que tenho condições. Venho da Brigada Militar, em que ao longo de 28 anos fiz gestão, fiz administração e mediação de conflitos. Aqui só muda o espaço, mas a gente continua fazendo a mesma coisa: o presidente, além de cuidar da parte legislativa, também cuida da parte administrativa: zeladoria, pessoal, consertos, obras.
Projetos do DMAE, e o Plano Diretor, “dois desafios”
A presidente da Câmara da capital gaúcha identifica neste primeiro momento da sua gestão dois grandes desafios a serem enfrentados no plenário do legislativo: as alterações na estrutura do DMAE e o Plano Diretor. O primeiro deles, explica, será o debate e decisão sobre a proposta de concessão do DMAE, o Departamento Municipal de Água e Esgoto. A presidente prevê que “teremos discussão muito acalorada, infelizmente não voltada para a área técnica de solução do problema que nós temos em Porto Alegre onde hoje ainda existe uma carência de esgoto tratado.” Nadia lamenta que “em pleno século 21 tenhamos crianças brincando junto ao esgoto e torneiras onde não sai água potável. Acho que essa é uma discussão que nós vamos ter, e será muito forte. No ano passado, o prefeito Melo acabou não protocolando o projeto porque achou que não teria os votos necessários porque muitos vereadores temiam perder votos. E o que aconteceu? Muitos desses vereadores que ficaram com medo de decidir, acabaram não se elegendo por não ter votos”.
Em relação ao novo Plano Diretor, a presidente da Câmara comenta que “muita gente quando pensa em plano diretor, pensa apenas na altura de prédios. E plano diretor é mais do que isso: é meio ambiente, emprego. E a cidade tem pressa, pois temos visto Porto Alegre crescer desordenadamente, com mais de 800 invasões que cresceram porque não temos um plano diretor definido”.
“A esquerda me combate porque sabe o que eu represento”
A postura da oposição, bastante aguda nos primeiros dias das sessões plenárias, é vista como natural pela presidente. Para ela, “a postura seria mais leve, não tenho dúvida nenhuma tenho certeza se não fosse aqui uma mulher, e uma militar e fosse outro presidente não teriam acontecido tantas coisas, não só por ser mulher, mas por ter um posicionamento forte. Sou conservadora, sou de direita, sou liberal na questão da economia, e então acredito que muito dessa força antagônica feita pela oposição diz respeito a não desejarem que eu estivesse na presidência. Porque sabem o que eu represento, sabem do meu posicionamento de não ser coadjuvante mas protagonista”.
Relação com o governo Melo
A presidente do legislativo, embora defenda a separação dos poderes, no quesito do diálogo com o executivo, deixa claro que “temos que dividir dois momentos: eu sou do PL. O PL não é base do governo, o PL é governo, onde nós temos a vice-prefeita. E nós temos uma base muito sólida, de 23 vereadores que apostaram, que votaram e que estão dentro do projeto Melo e Betina (vice-prefeita) de transformação da cidade em uma capital que seja atrativa a oportunidades, ao turismo, a gerar emprego, estimular empreendimentos, e que possa crescer”.
“A direita e a esquerda têm visões diferentes sobre temas caros ao cidadão”
Nadia Gerhard vê a polarização como algo natural, o pensar diferente: “Nós temos gostos, a gente gosta de Grêmio ou Inter, a gente prefere praia ou serra. E são estes gostos que fazem a polarização”.
Esta diferença de posição está clara, segundo ela, porque “esquerda e direita falam de forma diferente para temas que são caros às pessoas. Por exemplo: na educação. Como fala a direita conservadora sobre educação? Que a educação tem que ser um formador de cidadão comprometido, que ela não pode ter interferência ideológica e partidária dentro da sala de aula. Falamos sobre escola cívico-militar que não é para todos: tem uns que gostam e outros que não gostam. Mas é a liberdade de colocar teu filho numa escola que seja aprazível pra ti.”
“Já a esquerda sobre educação, o que ela defende e fala? Sobre ideologia político-partidária na sala de aula, sobre ideologia de gênero, do professor entrando na sala de sula com camiseta do Che Guevara. São os dois lados da moeda. É a polarização”, explica.
“Então eu vejo e projeto a esperança que em 2026 a polarização vai recair sobre os conservadores de direita, que serão maioria nos espaços políticos de todo o país”, afirma.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.