Sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 16 de janeiro de 2025
David Lynch, diretor lendário de filmes como “Cidade dos sonhos” (2001) e da série “Twin Peaks”, morreu aos 78 anos. Conhecido por histórias surrealistas e sombrias e um humor desconcertante, o cineasta recebeu quatro indicações ao Oscar ao longo da carreira.
A causa da morte não foi divulgada, mas ele revelou em 2024 ter sido diagnosticado com enfisema pulmonar. O cineasta fumava desde os oito anos. A doença o impediu de continuar a dirigir produções presencialmente.
“Há um grande vazio no mundo agora que ele não está mais conosco”, escreveu a família de Lynch, no Facebook. “Mas, como ele diria, ‘fiquem de olho na rosquinha, e não no buraco’. É um dia lindo com raios de sol dourados e céus todos azuis.”
Depois de considerar seguir carreira como pintor na juventude, ofício que chegou a estudar, passou a se dedicar à realização de curtas.
Em 1977, ficou conhecido logo com seu primeiro longa-metragem, o independente “Eraserhead”, que se tornou cult com os anos.
O reconhecimento veio rápido e ele foi contratado para escrever e dirigir “O homem elefante” (1980). A história estrelada por John Hurt e Anthony Hopkins sobre vida de um homem desfigurado recebeu oito indicações ao Oscar — incluindo as de roteiro adaptado e direção para Lynch.
Depois do fracasso com a adaptação da ficção científica de “Duna” (1984), ele se recuperou com um combo duplo de sucessos.
Em 1986, recebeu uma nova indicação ao Oscar pela direção do noir surrealista “Veludo azul”. Seu projeto seguinte, “Coração selvagem” (1990), ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
No mesmo ano, revolucionou a TV americana com o lançamento da série de mistério “Twin Peaks”. Com a investigação da morte de uma colegial (Sheryl Lee) em uma pequena cidade, o drama conquistou status cult, mesmo após o cancelamento na segunda temporada.
Depois, o projeto ganhou o filme “Twin Peaks: Os últimos dias de Laura Palmer” (1992) e uma nova temporada, 25 anos depois, em 2017.
Para gerações mais recentes, Lynch talvez seja mais conhecido também pelo suspense com ares surrealistas “Cidade dos sonhos” (2001), filme que alçou a atriz Naomi Watts (de “King kong” e “21 gramas”) ao estrelato.
Para Lynch, a obra também trouxe reconhecimento: rendeu a ele o prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes, em 2001, e uma indicação ao Oscar.
O diretor também costumava fazer participações como ator e a mais recente foi em “Os Fabelmans” (2022), na pele de outro diretor lendário, John Ford.
Vinda ao Brasil
Em 2008, ele veio ao Brasil pela primeira vez, para divulgar seu livro “Em águas profundas – criatividade e meditação”.
“Um artista não precisa sofrer para mostrar sofrimento, ele só tem que entender o sofrimento. A intuição é o principal instrumento de um artista. Sou uma pessoa feliz por dentro, mas minhas histórias refletem o mundo real, e vivemos num mundo negativo”, disse o diretor, que começou a se dedicar à meditação durante os anos 1970. Ele atribuía a ela as ideias que deram origem a seus filmes.
“É uma técnica mental que ajuda a criatividade e abre a porta para um nível de vida mais profundo, o infinito, sem limites”, disse ele, sobre a meditação transcendental. “Você pratica um mantra, que te coloca na base entre a matéria e a mente. De repente, tudo se expande e a vida fica muito boa.”
Lynch contou que essa filosofia estava presente nos bastidores de todas as suas filmagens. “Gosto de trabalhar num set feliz, como uma família. Acho que o set tem que ser um lugar seguro para o ator, onde ele possa se aprofundar. Acho que o medo e pressão prejudicam a criatividade e, consequentemente, prejudicam o trabalho.” As informações são do portal de notícias G1.