Sábado, 18 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de janeiro de 2025
Na lendária Harvard Business School (Escola de Negócios de Harvard) há conversas animadas de amigos no café do Spangler Center ou no refeitório (hoje reformado) da Kennedy School, a também renomada escola de governo. Precisamente dentro destas paredes – na Kennedy e na HBS – o guru da felicidade Arthur C. Brooks ensina.
“As aulas dele não têm mais espaço e os alunos ficam em lista de espera para poder ouvi-lo. O sucesso de sua cátedra é retumbante”, diz a argentina Corina Santangelo, ex-aluna de Harvard e membro do Conselho de Ex-alunos da Kennedy School.
A história de Brooks é bastante incomum. Ele começou como músico clássico, tocando trompete em várias orquestras, e se formou na Thomas Edison State College e depois fez mestrado em economia pela Florida Atlantic University. Aos 31 anos ele deixou a música e completou o doutorado enquanto trabalhava como analista no Projeto da Força Aérea da Rand Corporation.
Hoje, aos 60 anos, é uma figura altamente respeitada na arena económica global: durante 10 anos foi presidente do American Enterprise Institute (AEI), um influente think tank em Washington DC sobre políticas públicas. Além disso, é um cientista social altamente reconhecido, autor de 13 livros e colunista da centenária revista The Atlantic. É especializada em combinar os mais avançados estudos científicos e filosóficos para oferecer estratégias práticas que permitem desenvolver uma vida plena e feliz.
Rápido, claro e sem reviravoltas, Arthur Brooks conversou com o jornal La Nación sobre seu novo livro, Construa a vida que você deseja, que escreveu com a famosa jornalista Oprah Winfrey. Uma obra que ensina como cimentar os pilares para que a felicidade não dependa de circunstâncias externas.
– O que o inspirou a escrever seu último livro? “A ideia veio de Oprah Winfrey, que me propôs depois de ler meu título From Strength to Strength (De força em força). Ela me ligou porque teve a ideia de colaborar para atingir um público mais amplo.”
– Mas houve algo em particular que despertou o seu interesse neste tema? “Bom, sou um cientista que estuda o comportamento humano e sempre quis fazer estudos sobre a felicidade, porque acredito que ela é fundamental e o mais importante da vida. Pessoalmente quero aplicar meus conhecimentos para ter uma vida melhor porque não sou uma pessoa feliz e procuro ser. Nos últimos cinco anos tenho tido uma missão pessoal: partilhar as ideias científicas de felicidade com o mundo e é isso que quero fazer para o resto da minha vida.”
– Em seu trabalho ele explica que a felicidade não é o objetivo e a infelicidade não é o inimigo. Você pode elaborar isso? “A felicidade não deve ser o objetivo principal porque a felicidade absoluta é inatingível, implica a ausência de emoções ou experiências negativas, algo que não só é impossível, mas também indesejável. As emoções negativas são necessárias porque nos mantêm seguros e vivos, e as experiências difíceis são essenciais para a aprendizagem e o crescimento. Em vez de almejarmos a felicidade perfeita, podemos nos concentrar em sermos um pouco mais felizes a cada dia. O verdadeiro objetivo é desenvolver as competências que nos permitam melhorar o nosso bem-estar e, com isso, ser mais felizes este ano do que o anterior, aceitando que alcançar a felicidade total não é realista. Devemos também considerar que precisamos da infelicidade, porque não podemos ser mais felizes a menos que aprendamos a aceitar a nossa infelicidade ao longo do caminho, pois isso faz parte de toda a experiência humana. Para entender o verdadeiro sentido da vida é preciso passar por dificuldades. Devemos parar de ter medo da adversidade e vivenciar plenamente a infelicidade quando ela ocorre. Ao desenvolver ferramentas que nos permitam enfrentar e aprender com essas experiências, podemos nos aproximar do nosso objetivo de sermos mais felizes.”
Veja abaixo alguns hábitos que ajudam a construir felicidade:
– Reflita todos os dias. Arthur Brooks propõe refletir diariamente sobre filosofia, fé ou espiritualidade: “Não estou falando de seguir um caminho específico, mas sim que cada pessoa tem que encontrar seu próprio caminho para encontrar o transcendental”, afirma.
– Cultive relacionamentos familiares. De acordo com ele, isso é fundamental, mas muitas pessoas não o fazem, especialmente nos Estados Unidos. Há pessoas que há anos não falam com os pais porque estão muito ocupados. É uma falta de conexão que pode ter consequências negativas.
– Promova amizades verdadeiras. Para o especialista, nas culturas latinas, a amizade é um valor muito mais enraizado. Quando ele viaja à América Latina ou à Espanha costuma ver como as pessoas têm uma rede de amigos muito forte, quase como uma família extensa.
– Faça um trabalho significativo. E isto envolve buscar recompensas intrínsecas naquilo que se faz, além do dinheiro e do poder, como o sucesso merecido e o serviço aos outros. Segundo ele, é importante buscar a excelência e sentir que o esforço e dedicação têm um propósito real, que vai além do material. As informações são do jornal La Nación.