Domingo, 19 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 18 de janeiro de 2025
A Suprema Corte americana decidiu que o TikTok pode ser banido dos Estados Unidos a partir deste domingo (19), ao endossar a lei aprovada no governo de Joe Biden. Assim, a venda do aplicativo de vídeos curtos nos EUA já está sendo cogitada pelas autoridades chinesas, já que o prazo para a ByteDance se desfazer de seus ativos no país está se esgotando.
Após a decisão, a rede social informou que “será forçada a ficar fora do ar” para usuários dos Estados Unidos a partir deste domingo, a não ser que o presidente Joe Biden suspenda a aplicação de uma lei que obriga a rede social a vender sua operação no país.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que é provável que ele conceda ao TikTok uma suspensão de 90 dias antes de decidir sobre uma possível proibição do aplicativo no país. “A extensão de 90 dias é algo que provavelmente será feita, porque é apropriado”, ele disse à NBC em uma entrevista. “Se eu decidir fazer isso, farei o anúncio na segunda-feira”, completou.
É no conteúdo e na publicidade digital que os usuários brasileiros devem sentir as principais mudanças com a saída de cena do TikTok nos Estados Unidos, segundo especialistas. Embora a plataforma continue funcionando normalmente em outros países, a natureza da lei que decidiu bloquear a plataforma implica mudanças graduais até mesmo para usuários de fora dos EUA.
O principal impacto que os brasileiros devem sentir é a perda de conteúdo, explica Rodrigo Silva, professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie e coordenador do Laboratório de Segurança Cibernética Cybersec LAB.
“Uma das maiores preocupações que poderão ocorrer para os usuários brasileiros é a possibilidade de perder o acesso a conteúdos produzidos por criadores americanos”, diz Silva. “O TikTok é conhecido por seu algoritmo global, que frequentemente exibe vídeos de criadores de diferentes países, dependendo das preferências do usuário”, afirma. E esse alcance global de conteúdo também pode ser fechado para os criadores brasileiros.
“O criador de conteúdo brasileiro também depende da sua repercussão de maneira global”, diz Bruno Peres, professor de marketing digital da ESPM. “A gente vai ver uma entrega menor de conteúdo.” A consequência disso também pode ser econômica para os nossos influenciadores.
Como parte de um mecanismo que movimenta o comércio eletrônico global, o TikTok tem influência sobre a publicidade digital e está na planilha de gastos da área de marketing das maiores empresas do mundo. “Os maiores influenciadores do mundo no TikTok são americanos. Mesmo o público asiático consome muito o conteúdo americano”, explica Peres.
O bloqueio, portanto, deve resultar em uma reorganização das verbas publicitárias, em especial das grandes multinacionais. No Brasil, esse efeito deve ser duplo: menos investimento de empresas americanas em marketing para o TikTok e menos conteúdo disponível para consumidores. (Estadão Conteúdo)