Segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 19 de janeiro de 2025
O Hamas libertou no domingo (19) as três primeiras reféns envolvidas na primeira etapa do acordo de cessar-fogo em Gaza, negociado com Israel com a ajuda de mediadores internacionais no Catar. As jovens Doron Steinbrecher, Emily Damari e Romi Gonen, sequestradas durante o atentado terrorista de 7 de outubro de 2023, retornaram ao Estado judeu sob escolta militar, após um processo intermediado pela Cruz Vermelha, que recebeu as mulheres das mãos de militantes armados pouco após às 17h10m (12h10m em Brasília). Em troca das três reféns, Israel irá soltar 90 prisioneiros palestinos, mulheres e crianças, detidos em prisões do país.
As três mulheres foram escoltadas até a Praça Saraya, no oeste da Cidade de Gaza, por homens fortemente armados, vestidos com uniformes das Brigadas al-Qassem, o braço armado do Hamas. Os veículos em que as mulheres foram transportadas foram cercados por populares, enquanto os combatentes criavam um cordão de isolamento para completar a entrega à equipe da Cruz Vermelha, mobilizada horas antes.
Imagens transmitidas ao vivo pela TV israelense ofereceram um primeiro vislumbre do local da troca e das reféns, que foram entregues com vida. Um porta-voz do Hamas chegou a afirmar, horas após a conclusão da entrega, que o grupo está “comprometido” em entregar os reféns vivos, desde que Israel cumpra sua parte no acordo.
Em Israel, o retorno das reféns foi comemorado por familiares, amigos e pessoas que acompanham o drama das vítimas desde o dia do atentado. Vídeos divulgados pelo Exército israelense mostraram as famílias das reféns, convidadas a acompanhar a efetivação do acordo em instalações militares, emocionadas com o retorno. Em Tel Aviv, naquela que ficou conhecida como Praça dos Reféns, centenas de pessoas se reuniram para acompanhar a libertação e comemoraram aos gritos quando as mulheres foram entregues à equipe humanitária internacional.
As três reféns libertadas já foram reunidas com suas mães. Uma delas, a britânica-israelense Emily Damari, apareceu com a mão enfaixada. Segundo o jornal israelense Haaretz, Emily, de 28 anos, perdeu dois dedos da mão no ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023. Ela foi sequestrada em casa, no Kibutz Kfar Aza, no sul de Israel.
“Oficiais da Direção de Recursos Humanos das FDI e profissionais médicos das FDI estão acompanhando as reféns libertadas durante uma avaliação médica inicial. Representantes das FDI estão acompanhando suas famílias no hospital e as atualizando com as informações mais recentes disponíveis”, dizia uma nota do Exército israelense, divulgada pela Embaixada de Israel em Brasília às 13h24m.
As famílias das vítimas se manifestaram após a confirmação das autoridades de que suas filhas voltaram com vida — uma avaliação inicial feita pela Cruz Vermelha indicou que o estado de saúde delas era bom, embora fontes israelenses tenham preparado um longo protocolo de exames a fim de identificar possíveis doenças adquiridas durante o período de cativeiro, lesões e danos psicológicos.
“Eu quero agradecer a todos que nunca deixaram de lutar por Emily durante esta provação horrenda e que nunca pararam de dizer seu nome. Em Israel, Reino Unido, Estados Unidos e ao redor do mundo. Obrigada por trazer Emily para casa”, disse a mãe de Emily Damari, Mandy, acrescentando que o fim do “pesadelo” da filha não poderia significar o fim da luta pela libertação de todos os reféns.
Em contrapartida pela libertação das reféns, Israel autorizou a soltura de 90 mulheres e menores de idade detidos no sistema penitenciário do país. Por volta das 15h, o Serviço Prisional israelense iniciou a transferência de prisioneiros para a Prisão de Ofer, localizada ao norte de Jerusalém. O procedimento anunciado é de que todos passariam por uma inspeção de saúde e verificação de identidade, antes de serem liberados.
Nesta primeira troca, 78 pessoas serão libertadas na Cisjordânia e 12 em Jerusalém Oriental. Para os que retornarão ao território palestino mais ao norte, a custódia e entrega às autoridades locais também terá intermédio da Cruz Vermelha, enquanto a soltura em Jerusalém Oriental será organizada pela Polícia de Israel.
Entre os prisioneiros palestinos que tiveram a soltura confirmada, a figura mais proeminente é Khalida Jarrar, de 62 anos, uma das líderes da Frente Popular de Libertação da Palestina, uma organização política de esquerda, considerada terrorista por Israel e pelos EUA. Eleita para o Parlamento Palestino nas eleições de 2006, ela estava presa sem acusações formais, após uma série de condenações anteriores envolvendo sua relação com frentes armadas palestinas.
O Hamas afirmou que a próxima troca de reféns por prisioneiros está prevista para o próximo sábado — ao todo, o cessar-fogo deve durar 42 dias. De acordo com a emissora pública israelense Kan, quatro reféns serão libertados na próxima fase desta etapa. As informações são do portal O Globo.