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Colunistas Um conto quase real

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(Foto: Divulgação)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Um jovem escritor é convidado participar de um happy hour em uma roda de colegas veteranos, e também muitos safos…

Durante a rodada de cerveja, o jovem anuncia aos colegas: “Estou escrevendo um novo livro, onde pretendo destacar homens que fizeram a diferença na história da humanidade, ainda não tenho certeza do nome, mas a princípio será Homens Que Fizeram História”.

Nisso, um dos colegas comenta em tom solene, tentando disfarçar o sarcasmo: “Meu amigo, esse título me parece ser meio misógino, afinal de contas, as mulheres também contribuíram e muito para a história da humanidade. Como por exemplo, Marie Curie, física e química polonesa, pioneira na pesquisa sobre radioatividade, foi a primeira mulher a ganhar um Prêmio Nobel”.

Quando termina de falar, nota-se que os outros colegas se esforçam para conter o riso…

O jovem escritor ficou perplexo refletivo, então, disse: “Tens razão, já sei! O livro vai se chamar Homens e Mulheres Que Fizeram História”.

Dito isso, outro colega comenta: “Meu nobre colega, lamento, mas esse título me parece um tanto homofóbico, pois muitos homens e mulheres gays também contribuíram com a história. Um exemplo icônico é o matemático britânico Alan Turing, que era homossexual em uma época em que isso era crime na Inglaterra. Ele foi muito importante, quebrou o código nazista, isso ajudou os aliados a vencerem a guerra, mesmo assim, foi preso e castrado quimicamente, tudo isso graças a esse tipo de preconceito, que, por fim, o levou ao suicídio”.

Dito isso, todos os outros em volta da mesa, se olharam discretamente, com um olhar introspectivo e, ao mesmo tempo, irônico…

Novamente, o jovem escritor parou para refletir. Então, disse: “Me perdoe, meu nobre colega, isso não havia me ocorrido, concordo com você. Pronto, problema resolvido! O título será Homens e Mulheres Com Orientação Sexual Diferentes Que Fizeram História”.

Então, mais um dos colegas presentes se levanta e comenta: “Está claro para mim que esse título é racista. você não fez nenhuma menção a homens ou mulheres negras, sendo que muitos deles contribuíram significativamente para a história e o crescimento da humanidade. Como, por exemplo Dr. Charles Richard Drew, um médico e pesquisador americano que revolucionou a medicina”.

Um clima de expectativa e olhares dispersos se instaurou, tomando conta do ambiente naquele momento. Nisso, o escritor, já desgastado diante de tantas controversas, calmamente levanta-se de sua cadeira, pega suas coisas e vagarosamente olha fixamente nos olhos de cada um dos colegas que ali se encontravam, e diz: “Querem saber, estou farto. Não vou mais escrever patavina nenhuma, como se diz no teatro, e digo em alto e bom som, vão todos à uma ‘boa merda’. Eu desisto de escrever esse maldito livro!”

Logo após essa atitude intempestiva, o jovem escritor retirou-se do bar e voltou para sua casa…

Tentei retratar isso de uma maneira suave e bem humorada, mostrando a complexidade e dificuldade de estar preso em um ciclo de narrativas diante de uma sociedade contemporânea cada vez mais exigente, para que todos reflitam sobre o assunto e lembrem-se que somos todos iguais, independente de sexo, raça ou ideologia.

* Fabio L. Borges, jornalista e cronista gaúcho

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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