Terça-feira, 21 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de janeiro de 2025
Biden transformou o poder constitucional do perdão presidencial num escudo contra o que ele diz ter potencial para uma vingança.
Foto: ReproduçãoHoras antes de deixar o cargo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, emitiu perdões para o general Mark Milley, o médico Anthony Fauci, membros do Congresso que integraram a comissão que investigou o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A medida representa um uso extraordinário do poder presidencial – e serve para proteger críticos declarados do líder eleito Donald Trump, incluindo a ex-representante republicana Liz Cheney, contra quem Trump prometeu retaliação.
“Nossa nação depende de servidores públicos dedicados e altruístas todos os dias. Eles são o sangue vital da nossa democracia. No entanto, de maneira alarmante, os servidores públicos têm sido sujeitos a ameaças contínuas e intimidação por cumprirem fielmente seus deveres”, escreveu Biden em comunicado. “A emissão desses perdões não deve ser confundida como um reconhecimento de que qualquer indivíduo cometeu qualquer irregularidade. Nossa nação deve gratidão a esses servidores por seu compromisso incansável com o nosso país.”
Biden também comutou as sentenças de três pessoas, incluindo o ativista nativo americano Leonard Peltier, condenado por assassinar dois agentes do FBI em 1975. Peltier, que havia sido sentenciado à prisão perpétua, cumprirá o restante de sua sentença em prisão domiciliar. O presidente em fim de mandato ainda perdoou policiais do Capitólio dos EUA e da Polícia Metropolitana de DC que testemunharam diante do comitê.
Escudo
Com isso, Biden transformou o poder constitucional do perdão presidencial num escudo contra o que ele diz ter potencial para uma vingança politicamente motivada. Nenhum outro mandatário usou a clemência executiva de maneira tão ampla para impedir um sucessor de alegado abuso de poder. Durante a campanha, Trump ameaçou processar democratas, agentes da lei, funcionários de inteligência, repórteres, ex-membros de sua própria equipe e republicanos que não o apoiam, muitas vezes sem identificar qualquer atividade criminal específica.
Milley serviu como presidente do Estado-Maior Conjunto durante o primeiro mandato de Trump e chamou o republicano de fascista. Já Fauci atuou como diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas por décadas, servindo como conselheiro de Trump durante a pandemia da Covid-19 – período em que foi alvo de intensa hostilidade da direita política. Fauci e Liz Cheney estão entre aqueles que Trump e seus aliados mencionaram pelo nome. Além dos dois há o próprio Biden, que Trump disse que seria alvo de investigação.
“Estas são circunstâncias excepcionais, e não posso, em boa consciência, não fazer nada”, acrescentou Biden em nota. “Investigações infundadas e politicamente motivadas destroem a vida, a segurança e a estabilidade financeira de indivíduos e suas famílias. Mesmo quando as pessoas não fizeram nada de errado – e, na verdade, fizeram a coisa certa –, elas serão eventualmente exoneradas, o mero fato de serem investigadas ou processadas pode danificar irreparavelmente reputações e finanças”.
(As informações são do jornal O Globo)