Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de janeiro de 2025
Responsável por um vídeo sobre o Pix que ultrapassou 300 milhões de visualizações no Instagram e fez o governo Lula recuar no aumento da fiscalização, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirma que a esquerda patina nas redes sociais porque falta um “discurso verdadeiro”. O parlamentar se diz contra “criminalizar opiniões” na internet, mas defende um olhar mais atento das plataformas para conteúdos com pedofilia e outros crimes.
Hoje um dos nomes da direita com mais destaque no Congresso, o parlamentar, aos 28 anos defende uma mudança na Constituição que reduza para 30 a idade mínima para disputar o Senado – “cairia como uma luva para mim”, afirma. Veja alguns trechos da entrevista que o deputado concedeu ao jornal O Globo.
– No vídeo que viralizou nas redes sociais, o senhor não diz que o Pix vai ser taxado, mas essa foi a mensagem que pegou e fez o governo recuar. Qual é o mecanismo para construir essa narrativa? “Não tem mecanismo, guru nem marqueteiro. É a plena verdade. A linguagem é simples. O governo não recuou porque as pessoas acharam que o Pix ia ser taxado. Recuou porque não teve coragem de sustentar o que queria fazer: passar um pente-fino, principalmente, nas pessoas mais pobres.”
– Houve orientação do PL? “Nunca recebi orientação do PL sobre meus vídeos.”
– O senhor conversou sobre esse tema com o Bolsonaro ou o marqueteiro Duda Lima? “Não. O sucesso do vídeo aconteceu porque é uma mensagem didática que se uniu com a indignação das pessoas. O vídeo estourou porque há uma insatisfação gigantesca com o governo.”
– Como esses vídeos são feitos? O senhor faz os roteiros? “Eu edito a maioria dos meus vídeos, faço praticamente do zero. Já fazia isso antes. Estava plantando e, dessa vez, a colheita foi gigantesca. Não sou nenhum guru de Internet, nunca fiz curso. Eu sei de forma empírica.”
– Um vídeo da deputada Erika Hilton (PSOL-SP) fez uma contraposição ao senhor, em uma ação que agradou o governo, e houve mudança na chefia da comunicação com a entrada do Sidônio Palmeira. Vê potencial de a esquerda ter mais alcance nas redes a partir de agora? “Falta identificação real. As pessoas não sentem um discurso verdadeiro na esquerda. As incoerências são muito grotescas. O Lula falou na campanha que iria derrubar os sigilos (de cem anos) do Bolsonaro e colocou sigilos para ele e a Janja (primeira-dama).”
– O governo argumenta que aumentar a fiscalização sobre as transações financeiras é uma forma de evitar a sonegação fiscal. O senhor é contra a criação de mais mecanismos do tipo? “Sou contra um Estado grande, que cobra muito imposto e não retribui ao contribuinte. Sou mineiro, o Tiradentes morreu lutando por menos impostos. As pessoas estão indignadas de pagar todo ano 27,5% (de Imposto de Renda) para um governo que não oferece saúde, educação e ainda quer aumentar a fiscalização sobre gastos de pessoas que literalmente trabalham o dia inteiro para poder sobreviver. Não estou fazendo uma campanha pela sonegação, mas para mostrar que o governo é ineficiente. Não fiz apologia (da sonegação). E, mesmo que fosse a defesa de um crime, eu tenho imunidade parlamentar para isso.” As informações são do jornal O Globo.