Quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 22 de janeiro de 2025
O Ibovespa enfrenta desafios para acompanhar projeções mais otimistas, como a de 140 mil pontos feita por algumas corretoras.
Foto: EBCO ano de 2025 começa com projeções pessimistas para o mercado financeiro brasileiro, marcadas por uma abertura na curva de juros, desancoragem das expectativas de inflação e disparada do dólar, fatores que já penalizaram a Bolsa em 2024. Flávio Conde, da Levante Ideias de Investimentos, apresenta cenários negativos para o Ibovespa, dólar e Selic, considerando a volatilidade atual e a possibilidade de mais desvalorizações ao longo do ano.
Em relatório ao E-Investidor, do jornal O Estado de S.Paulo, Conde utiliza variáveis como inflação (IPCA), PIB, balança comercial e contas públicas. Ele destaca o histórico de erros nas previsões do Boletim Focus, cujas projeções de inflação e dólar em 2024 ficaram significativamente abaixo da realidade. Essa tendência reforça a necessidade de cenários mais conservadores para 2025.
Conde projeta uma Selic de até 16% neste ano, caso a alta do dólar continue pressionando a inflação, que tem como meta oficial 3%. A valorização cambial ocorrida no final de 2024 ainda não foi completamente repassada aos preços, mas deve impactar o IPCA em 2025, forçando o Banco Central a intensificar medidas para conter o avanço inflacionário.
No câmbio, o dólar pode alcançar R$ 7, impulsionado por um cenário fiscal preocupante. A dívida pública brasileira, que subiu de 53,7% para 74,5% do PIB entre 2012 e 2023, pode ultrapassar 80% em 2025. Segundo Conde, o aumento da dívida e o descumprimento de metas fiscais geram desconfiança dos investidores, elevando o risco e pressionando ainda mais o dólar.
Na B3, o Ibovespa enfrenta desafios para acompanhar projeções mais otimistas, como a de 140 mil pontos feita por algumas corretoras. As previsões da Levante são mais cautelosas, considerando o impacto do cenário macroeconômico sobre as empresas e a possibilidade de o índice ficar abaixo de 100 mil pontos em situações mais críticas.
Conde critica o descasamento entre as projeções otimistas divulgadas pelo mercado e a realidade fiscal e econômica brasileira. Ele observa que muitas casas evitam prever desvalorizações para não desestimular investidores. Além disso, aponta que, mesmo com empresas lucrativas e ações descontadas, o ambiente macroeconômico pode impedir uma recuperação significativa da Bolsa.
Além dos desafios domésticos, o cenário internacional traz incertezas, como a possível volta de Donald Trump e suas políticas protecionistas, além da desaceleração econômica na China e na Europa. Conde vê uma única boa notícia no horizonte: se Trump não aumentar impostos de importação, o Federal Reserve poderia manter cortes de juros, reduzindo parte da pressão global sobre os mercados emergentes.
(Luíza Lanza/Estadão Conteúdo)