Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 29 de janeiro de 2025
Com essa decisão, a Selic retoma o mesmo patamar de agosto de 2023.
Foto: Marcello Casal Jr./Agência BrasilNa estreia de Gabriel Galípolo na liderança do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, de 12,25% para 13,25% ao ano, nesta quarta-feira (29). O BC ainda repetiu a sinalização de que deve aumentar a taxa em mais 1 ponto percentual na próxima reunião, em março, quando a Selic chegaria a 14,25%, retomando o mesmo nível da crise do governo de Dilma Rousseff (2015-2016).
Para além do próximo encontro, o comitê reforçou apenas que a “magnitude total do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”. Além disso, disse que dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em especial dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos.
O aumento desta quarta foi definido com unanimidade por todos os nove membros do comitê, que agora conta com sete indicados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um crítico frequente dos juros elevados.
Com essa decisão, a Selic retoma o mesmo patamar de agosto de 2023. Esse é o quarto aumento consecutivo dos juros básicos nesse ciclo de aperto, que foi iniciado em setembro do ano passado. No acumulado, a taxa já subiu 2,75 pontos percentuais.
O novo aperto de 1 ponto percentual, porém, já era amplamente esperado pelo mercado financeiro e pelo mundo político, já que seguiu o plano traçado em dezembro para debelar um cenário mais adverso para a inflação. A alta nos preços está no topo das preocupações do governo Lula, que viu sua aprovação cair cinco pontos na última pesquisa Genial/Quaest, divulgada na segunda-feira.
“Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, disse o BC, no Copom de dezembro, se referindo aos encontros deste mês e de março.
Desde dezembro, as expectativas inflacionárias do mercado financeiro se distanciaram ainda mais da meta para todos os horizontes monitorados pelo BC, mesmo com o aumento da Selic prevista para o fim deste ano no Boletim Focus, agora em 15%. Os juros básicos mais altos funcionam como um freio para o crescimento econômico e para a inflação, mas as expectativas não cedem devido ao impacto cambial e a temores políticos e fiscais.
Para 2025, a projeção para o IPCA na Focus é de 5,50%, enquanto, para 2026, é de 4,22%. A partir desta reunião, o BC começou a mirar o prazo do terceiro trimestre de 2026 para entregar a inflação na meta. O horizonte móvel é de 18 meses à frente.
Além da piora significativa nas expectativas de inflação, o Copom também se deparou com uma piora da cotação do dólar ante a última reunião, apesar do alívio no valor da moeda americana nos últimos dias.
Outra novidade negativa foi a paralisação do ciclo de queda de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos na primeira reunião após o retorno de Donald Trump à Casa Branca. As políticas do republicano também trazem mais incerteza para a economia global e, assim, para a condução dos juros aqui no Brasil.
Internamente, afetam o cenário futuro para a inflação a preocupação dos agentes econômicos em relação à trajetória da dívida pública brasileira, especialmente após a frustração com o pacote de corte de gastos apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
(As informações são do jornal O Globo)