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Ali Klemt A culpa não é nossa

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(Foto: Marcello Campos/O Sul)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Primeiro, preciso admitir que eu tento, tento, verdadeiramente, não falar de política nessa coluna. Sei lá, a vida é tão mais ampla do que os devaneios do pessoal de Brasilia, né? Há tanto a que se refletir e debater e coisa e tal. O problema, minha gente…o problema é que eles lá não cansam de nos assombrar. Aí fica difícil fingir que não vi, e acabo nesse espaço dominical trazendo assuntos tais.

Afinal, como não repercutir uma das falas mais esdrúxulas dos últimos tempos: o “nosso”presidente da República dizendo que o país não atingiu o superávit porque, ora, teve que ajudar o Rio Grande do Sul.

Como gaúcha, chorei por dentro. Chorei por fora. Tive um enjoo. De verdade. Gritei na tv, reclamei, xinguei. O vídeo já atingiu números estratosféricos. Nada disso bastou, porque a dor foi muito profunda.

Somos um povo aguerrido, mas orgulhoso. Temos orgulho do que somos, mas orgulho é bom quando aquece internamente. Orgulho nem sempre é bom, não, viram? Passamos por um trauma gigantesco, por um drama enorme, por mortes e perdas. Engolimos o tal orgulho diante de um Brasil que nos acolheu, nos ajudou e enviou muito, muito apoio. Sou uma otimista, sou uma Polliana, vejo o lado positivo de todas as coisas, e não foi diferente nas enchentes de maio: vimos a força da união do nosso povo gaúcho, mas assistimos ao maior espetáculo de solidariedade já v isto nesse Brasil. Todos os nossos conterrâneos ajudaram. Foi algo espetacular e, olhando de longe, da devida distância, talvez consigamos entender que esta foi uma das maiores demonstrações de amor ao próximo que jamais tenhamos vivido. Foi trágico, mas a reação das pessoas foi, sim, bela. Emocionante. Inesquecível.

Eu reputo ao que vivemos em 2024 um dos momentos mais emblemáticos da nossa história. Jamais esqueceremos, cada um com suas experiências. Houve mortes, mas houve salvamentos. Houve perdas, mas houve encontros. Houve dor, mas houve amor. E, graças à iniciativa privada, conseguimos botar esse nossos estado de pé. Doído, alquebrado, mas de pé. Tivemos líderes presentes, prefeitos, o governo do estado. Estiveram conosco em todos os momentos – porque, afinal, a liderança é sobre isso, é sobre guiar, até mesmo nos momentos mais escuros. Todos sabemos (ou devíamos saber) que nem tudo são flores. Há obstáculos em qualquer caminho, que dirá diante de uma tragédia! Mas um líder une, acolhe, guia e, se necessário, luta.

Nessas poucas frases tento resumir um pouco, só um pouco, do que vivemos nas enchentes de 2024. Ficarão para sempre em nossa memória como o maior desafio e a maior prova de resiliência do povo gaúcho. Sofremos até hoje. Há cidades que sumiram do mapa. Há pessoas que se foram. Há histórias que acabaram. Tragédias são assim, acontecem e deixam cicatrizes. Mas também deixam ensinamentos.

E, diante desse cenário, a gente segue. Segue firme, mesmo com inflação alta, dólar descontrolado, medicamentos em falta no SUS e as pessoas pagando as contas sabe-se lá como. Um alento? Temos! Felizmente, o Rio Grande do Sul vive um momento de gloria na segurança pública! Quase esquecemos o que é ser assaltado no carro em plena luz do dia e, nos ônibus, isso quase não existe mais! Mérito de quem? Nãa é do governo federal.

E aqui vem o meu gancho, o “gancho dos horrores”: em que universo paralelo vive o “nosso” presidente (você entendeu as aspas, não é?) para direcionar qualquer culpa sobre números da economia ao Rio Grande do Sul?

Há quem diga que é verdade, que os custos com o envio de inventivos aos gaúchos piorou a situação financeira do país. Há quem diga que ele mente, pois qualquer verba a esse título teria saído de uma conta específica para calamidades e, portanto, não impactaria o orçamento. Já eu digo que pouco importa. Fato é que qualquer governo precisa ter uma provisão para tragédias – não é assim no orçamento de qualquer lar??? Poupamos parte do que auferimos para tempos difíceis pelos quais pretendemos jamais passar. SE assim não for, somos apenas adultos irresponsáveis que gastam sem pensar no dia de amanhã – que é, aliás, como vejo o nosso atual governo federal.

Mais sério, porém é a absoluta falta de sensibilidade na fala do presidente. Ao justificar um problema criado por sio mesmo (leia-se, governo), terceirizando a culpa para uma tragédia, nos confrontamos com, três realidades de uma vez só: nosso governo federal é irresponsável (não prevê verbas para situações atípicas), ineficiente (não sabe gerir as verbas que estão sob sua tutela) e, o pior!, simplesmente nos considera um estorvo. Sim, porque se assim não fosse, não haveria a terceirização da culpa.

Não, não, não, senhor presidente. Com o que eu pago de impostos, junto com o que todos os gaúchos pagam, nós não aceitamos essa balela. Mais que isso, nos ressentimos profundamente. Essa fala insensível, assim como as fotos posadas e a total falta de empatia, não estão esquecidas pelo povo gaúcho.

Ali Klemt

@ali.klemt

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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