Segunda-feira, 03 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de fevereiro de 2025
Pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, gravaram mais de 2 mil pessoas para descobrir quem afinal é mais tagarela, homens ou mulheres. No total geral, os homens falaram, em média, 11.950 palavras por dia. As mulheres superaram esse número com uma média de 13.349 palavras por dia. Porém, a diferença foi considerada pequena: 1.073 palavras em média.
Para os especialistas, medir esses padrões era importante para investigar o estereótipo das mulheres como muito falantes, que frequentemente carrega conotações negativa.
“As mulheres são amplamente consideradas mais falantes do que os homens”, afirmam os especialistas no artigo publicado no Journal of Personality and Social Psychology. “A ubiquidade e a conotação frequentemente negativa desse estereótipo tornam particularmente importante avaliar sua precisão.”
Para o estudo, os pesquisadores reuniram 2.197 participantes que usaram um dispositivo que registrava pequenos trechos de som ao longo de suas horas de vigília. Foram coletadas mais de 600 mil gravações, que depois foram transcritas e tiveram suas palavras contadas.
Os pesquisadores descobriram que havia grandes diferenças individuais na eloquência dos falantes, o que adiciona uma “incerteza estatística” aos resultados.
O participante menos falante proferiu menos de cem palavras por dia, enquanto o mais falante disse impressionantes 120 mil.
Segundo os cientistas, não há diferenças significativas o suficiente para afirmar se a distinção observada entre os sexos é significativa ou confiável.
De acordo com um estudo de 2007, homens e mulheres não diferem significativamente no uso diário de palavras, falando cerca de 16 mil palavras por dia cada um. No entanto, na época foram levantadas dúvidas sobre o trabalho, já que a amostra do estudo foi considerada pequena e era composta apenas por estudantes universitários.
O estudo publicado agora oferece uma imagem mais clara, entretanto os pesquisadores sugerem que podem ser necessárias investigações complementares sobre diferenças baseadas no sexo.
“O estudo deixa em aberto algumas questões sobre se os gêneros diferem de forma significativamente prática no número de palavras que falam diariamente”, concluem os autores.
“A noção de que mulheres e homens diferem em seu ‘orçamento lexical’ diário existe há muito tempo, sem ser amplamente testada empiricamente, e se tornou um elemento recorrente nos argumentos sobre diferenças de gênero”, dizem.
Um dos especialistas responsáveis por sustentar a teoria das mulheres mais falantes foi neuropsiquiatra e clínica americana Louann Brizendine, que publicou há quase duas décadas o livro “The female brain” (“O cérebro feminino”, em tradução livre).
Nele, a autora defende que os cérebros masculino e feminino têm distinções que explicariam o dato de as mulheres falarem mais. Segundo a especialista, elas dedicam mais células cerebrais à fala do que os homens. Isso seria causado pela presença maior do hormônio sexual testosterona no corpo masculino, que afetaria o cérebro.
O livro de Brizendine também tinha números que expressariam essa diferença: 20 mil palavras por dia para mulheres e 7 mil para homens. Mas dados foram mais tarde contestados por não terem fonte confiável.