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Geral Bolsonaristas abrem mão das bandeiras antissistema e patriótica e direita vira um navio à deriva

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O apoio de Jair Bolsonaro e de seus aliados a Hugo Motta e Davi Alcolumbre nas eleições para o comando do Congresso é um sinal claro dessa mudança. (Foto: Reprodução)

A política na era das redes é um jogo de narrativas, e quem controla as narrativas hoje controla o poder. Nos últimos anos, a direita brasileira construiu sua identidade em torno de duas bandeiras poderosas: a ideia antissistema e o patriotismo. Esses pilares foram fundamentais para consolidar o bolsonarismo como força política e emocional no Brasil.

No entanto, recentes movimentos no tabuleiro político sugerem que a direita está abrindo mão dessas bandeiras. E, ao fazer isso, entrega a Lula uma oportunidade única de se reposicionar e impor suas estratégias.

O apoio de Jair Bolsonaro e de seus aliados a Hugo Motta e Davi Alcolumbre nas eleições para o comando do Congresso é um sinal claro dessa mudança. Motta, da Paraíba, e Alcolumbre, do Amapá, representam Estados pequenos, com pouca influência no cenário nacional, mas se mostram muito eficazes nas articulações que ocorrem nos bastidores de Brasília.

São políticos pragmáticos, sem inclinações ideológicas fixas, que conseguem a façanha de colocar no mesmo barco, e até nos mesmos jantares, petistas e bolsonaristas. Uma forma de fazer política que conservadores costumavam criticar e classificar como um movimento típico do “sistema”.

O eleitor de direita, neste momento, tem se perguntado como pode um movimento que se autoproclamava antissistema se alinhar com políticos que personificam o establishment. Algumas lideranças conservadoras, como Marcel van Hatten e o astronauta Marcos Pontes, até tentaram manter a coerência, mas foram massacrados e acusados de traição por proeminentes nomes do bolsonarismo.

A questão não para por aí. A defesa intransigente do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, simbolizada pelo icônico boné vermelho “Make America Great Again”, ou seja, “Fazer a América grande novamente”, também expõe uma fragilidade na narrativa patriótica da direita brasileira.

Enquanto o bolsonarismo se esforçava para importar o slogan e a estética do trumpismo, acabou por criar uma imagem de subserviência a um projeto político estrangeiro, que vê o Brasil de forma inferiorizada e dependente. O patriotismo, que era ostentado em verde-amarelo nas manifestações de rua da direita, saiu de cena para dar espaço a uma espécie de veneração a outro país.

Curiosamente, foi a esquerda que soube capitalizar essa brecha. O boné azul com a inscrição “O Brasil é dos brasileiros”, usado por ministros e aliados de Lula, é uma resposta direta e eficaz, que busca resgatar as cores da bandeira do País das mãos da direita.

Ao cunhar uma frase que ecoa sentimentos nacionais, a esquerda conseguiu se apresentar como grande defensora dos interesses do País, enquanto a direita se mostrou mais preocupada em celebrar um modelo estrangeiro que ameaça taxar e chantagear o Brasil.

Essa fragmentação da direita é preocupante para seus apoiadores. Ao perder a pauta antissistema e o patriotismo como bandeiras, o movimento abre espaço para que Lula se reposicione como a alternativa viável na defesa dos interesses nacionais e agrade, sobretudo, aos eleitores moderados, que são os que irão decidir as próximas eleições.

A política é feita de simbolismos, e os símbolos que a direita escolheu nos últimos anos podem se voltar contra ela. Enquanto Lula e seus aliados trabalham para se agregar em torno deles o sentimento de orgulho dos brasileiros, a direita corre o risco de se tornar uma fragmentada caricatura de si mesma, perdida entre o sistema que abraçou e o patriotismo que tem rejeitado. (Sergio Denicoli/Estadão Conteúdo)

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