Por Redação O Sul | 4 de fevereiro de 2025
Imagine possuir um pedaço vivo da história da música, um instrumento que passou por mãos de lendas e inspirou uma das maiores composições para violino de todos os tempos. Essa oportunidade rara se materializa nesta sexta-feira (7), quando a casa de leilões Sotheby’s, em Nova York, colocará à venda o violino “Joachim-Ma Stradivarius”, fabricado em 1714 pelo renomado luthier italiano Antonio Stradivari. Estimado entre US$ 12 milhões e US$ 18 milhões (de R$ 69,5 milhões a R$ 104,2 milhões), o instrumento tem potencial para se tornar o mais caro da história.
Se alcançar o teto da estimativa, o valor superará os US$ 15,9 milhões (R$ 92,1 milhões) pagos pelo “Lady Blunt” Stradivarius em uma venda privada online em 2011, considerado pelo Guinness World Records como o instrumento musical mais caro já leiloado. A informação foi divulgada pela Associated Press (AP).
Uma relíquia do “Período de Ouro”
Antonio Stradivari é reconhecido como um dos maiores fabricantes de violinos de todos os tempos. O “Joachim-Ma Stradivarius” foi construído durante o chamado “Período de Ouro” de Stradivari, que se estendeu de 1700 a 1720, caracterizado pelo refinamento máximo de sua técnica e pela sonoridade excepcional de seus instrumentos.
Segundo Mari-Claudia Jimenez, presidente da Sotheby’s Americas e chefe de negócios globais, esse período representa o auge da produção do mestre italiano. “Este é o melhor violino desta era”, declarou Jimenez, conforme relatado pela AP.
Além da qualidade sonora, o estado de preservação do instrumento é notável. Com um verniz marrom-avermelhado intenso sobre um fundo âmbar dourado, ele mantém características originais que o tornam ainda mais valioso para colecionadores e músicos.
O nome “Joachim-Ma Stradivarius” não é à toa. Ele faz referência a dois dos violinistas mais renomados que já o possuíram: Joseph Joachim (1831-1907), virtuoso húngaro do século XIX, e Si-Hon Ma (1926-2009), violinista e professor nascido na China e radicado nos Estados Unidos.
Joachim foi um dos maiores violinistas da história e amigo próximo do compositor Johannes Brahms. Estima-se que ele tenha usado o “Joachim-Ma” na estreia do “Concerto para Violino em Ré Maior” de Brahms, em 1879. Segundo a Sotheby’s, a riqueza e ressonância do tom do instrumento podem ter influenciado diretamente a obra-prima do compositor alemão.
Décadas depois, Si-Hon Ma adquiriu o violino em 1969. Formado pelo New England Conservatory (NEC) de Boston, Ma deixou o instrumento como legado para a instituição após sua morte, em 2009. Agora, o conservatório decidiu vendê-lo, destinando toda a receita arrecadada para um fundo de bolsas de estudo, criando assim um impacto duradouro para as futuras gerações de músicos. As informações são do jornal O Globo.
