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Cinema Cinema: polêmicas na campanha para o Oscar podem abalar favoritismo

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A atriz espanhola Karla Sofía Gascón, estrela do filme “Emilia Pérez”, se tornou um dos nomes mais comentados das últimas semanas. (Foto: Divulgação)

Emilia Pérez parecia ser o filme certo, no momento certo, na disputa ao Oscar 2025. Marcada para o dia 2 de março, a cerimônia ocorrerá cerca de 40 dias após o início do mandato do presidente americano Donald Trump, que trava uma batalha contra a chamada cultura woke. O longa tinha tudo para ser uma resposta. Mas tudo desmoronou na velocidade de um tuíte.

A atriz espanhola Karla Sofía Gascón, estrela do filme “Emilia Pérez”, se tornou um dos nomes mais comentados das últimas semanas. Boa parte das notícias sobre ela, porém, gira em torno de suas declarações polêmicas. A atriz espanhola tem se mostrado incomodada com os ataques que vem sofrendo nas redes sociais, a maioria vinda de brasileiros, que enxergaram em Emilia Pérez o grande adversário de Ainda Estou Aqui. Fernanda Torres saiu em defesa da colega publicamente. “Não vamos tratar ninguém mal e criar uma coisa de um contra o outro. Não vamos alimentar ódios”, disse, em um vídeo no Instagram.

A grande bomba, no entanto, foi a própria Gascón quem detonou. Em uma entrevista para o jornal Folha de S.Paulo, a atriz afirmou que se sentia incomodada com “pessoas que trabalham com Fernanda Torres e falam mal de mim e de Emilia Pérez”. Em comunicado enviado à revista Variety, horas depois, ela negou ter se referido a pessoas “diretamente associadas” a Torres.

Para o professor e crítico de cinema Waldemar Dalenogare Neto, Gascón violou a regra 4 de campanhas para o Oscar, a que fala sobre acusações falsas imputadas a filmes, atuações e conquistas. “Isso pode afetar a percepção do filme entre os votantes, apesar de ela ter retirado a acusação”, diz Dalenogare. Ele explica que dois procedimentos podem ser adotados, caso haja uma denúncia formal contra Gascón. O primeiro é a avaliação interna de um comitê. O segundo é a abertura de um procedimento interno com nota pública de avaliação.

A grande questão é o que levou Gascón a essa atitude na campanha para o Oscar – os votantes devem enviar suas escolhas entre os dias 11 e 18 de fevereiro. “Em vez da Netflix fazer uma campanha de celebração do filme, colocou Gascón para proclamar que qualquer menção negativa ao filme era patrocinada por grupos organizados e tóxicos”, aponta Dalenogare. O Estadão procurou a assessoria de imprensa da Netflix, mas não obteve resposta.

O crítico de cinema Sérgio Rizzo compara as declarações de Gascón ao lançamento de uma granada. “O filme tinha uma curva de circulação na mídia que, até certo ponto, era favorável. Mas, quando começa a receber ataques variados, é como se o parafuso espanasse”, avalia. Uma hipótese, para ele, é alguma pesquisa ter apontado que o jogo precisava de uma grande mexida. “Uma estratégia muito infeliz.”

O passado também assombrou Karla Sofía Gascón. Ela foi acusada de racismo e intolerância religiosa por causa de publicações que fez no Twitter (atual X). Em 2020, quando George Floyd foi morto asfixiado por um policial em uma abordagem nos EUA, ela escreveu: “Eu realmente acredito que poucas pessoas se importam com George Floyd, um viciado em drogas e um traficante, mas sua morte serviu para destacar mais uma vez que há aqueles que ainda consideram os negros como macacos sem direitos e aqueles que consideram que policiais sejam assassinos. Tudo errado”.

Gascón também usou o termo “retardados do Irã” ao se referir ao ataque terrorista em Nice, na França, em 2020. “Quantas vezes teremos que expulsar esses energúmenos da Europa até nos darmos conta de que sua religião é incompatível com os valores ocidentais?”, escreveu. A atriz já atacou até o Oscar, em 2021. “Não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, uma manifestação do Black Lives Matter ou do 8M (movimento pela luta das mulheres).”

Tudo isso pode comprometer o inicial favoritismo de Emilia Pérez no Oscar? Para a jornalista e crítica de cinema Barbara Demerov, sim. “Existem algumas chances de o filme até sair do Oscar de mãos vazias. Na categoria de filme internacional, por exemplo, Ainda Estou Aqui e A Semente do Fruto Sagrado são filmes mais políticos e podem agradar mais a Academia por não estarem envolvidos em polêmicas”, afirma.

Barbara compara as posturas de Gascón e Torres. Para ela, a brasileira está focada em promover Ainda Estou Aqui. “Já Karla tem uma postura mais incisiva. Essa atitude e o resgate de suas declarações mais antigas estão colocando um foco negativo em sua presença e no filme que protagoniza, num momento em que ele precisava de força para cruzar a reta final.”

Barbara ressalta, porém, que o vale-tudo é normal no período de campanha. E que isso nem sempre compromete o resultado final. Em 2009, o diretor Danny Boyle foi acusado de remunerar mal as estrelas infantis de Quem Quer Ser um Milionário?, mas o filme ganhou oito estatuetas, incluindo a de melhor filme.

Rizzo tem uma tese: os filmes pioram quando você ouve as pessoas que os fazem. “Não conheço nenhum exemplo ao contrário”, diz ele. “É o caso de Emilia Pérez. Continuo a gostar dele. Deixem o filme falar por si”, avalia o crítico. (Estadão Conteúdo)

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https://www.osul.com.br/cinema-polemicas-na-campanha-para-o-oscar-podem-abalar-favoritismo/ Cinema: polêmicas na campanha para o Oscar podem abalar favoritismo 2025-02-05
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