Sábado, 08 de fevereiro de 2025
Por Tito Guarniere | 8 de fevereiro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Donald Trump, o recém-empossado presidente americano, é sem favor algum o homem mais pernicioso do nosso tempo, depois de Adolf Hitler.
O ditador alemão sozinho dobrou a Alemanha, um país em crise porém rico e pleno de potencialidades, povo culto e instruído, avançado em ciência e tecnologia, terra de grandes poetas, escritores, músicos, filósofos. Nada deteve o ímpeto homicida, a capacidade de mentir, o poder de dissimulação e a brutalidade devastadora do psicopata.
Está bem que Trump vive em outra época, e ele terá (esperemos!) de enfrentar mais e maiores obstáculos do que Hitler para impor suas demandas e exigências, as tendências paranoicas, a visão de mundo regressiva, belicosa e convictamente cruel. O melhor que pode acontecer é que Trump seja apenas um valentão de bar, um homem que se compraz e limita a bravatas. Mas aceite-se a proporção, adicione-se o componente de barbárie do americano, e então concluiremos que eles são quase irmãos de sangue.
Vejam que Trump perdeu a eleição de 2020 para Joe Biden e não acatou o resultado: inventou pretextos fúteis para melar o jogo, como a facinorosa invasão do Capitólio, em que seus belicosos e arrogantes seguidores mostraram a verdadeira face.
E vejam agora, que o primeiro ato de bufão foi exatamente perdoar os arruaceiros a seu serviço da intentona antidemocrática de 6 de janeiro de 2021.
Agora já empossado, cada um dos seus atos além do perdão, vai virando de cabeça para baixo as instituições americanas, não apenas as que dizem respeito aos EUA, como as que envolvem tratados aos quais a América estava atrelada até então, revogando-os sem conversa e sem aviso, como se a jurisdição ianque alcançasse todo o planeta.
E não se trata de assuntos banais. Diz respeito a sobretaxar unilateralmente cada produto ou serviço da vastíssima lista de importações americanas. Diz respeito a mudar nomes históricos de acidentes geográficos e – pior – de ameaçar a tomada de outros países soberanos ou de territórios pertencentes a eles..
Só se viu algo assim naqueles instantes dramáticos da história recente quando Hitler, no começo do II Guerra, invadiu, dominou e submeteu pela força outros países da Europa. Ou em Putin – outro gangster de alta periculosidade – quando invadiu a Ucrânia. Trump subverte a ordem mundial da mesma maneira e com os mesmos métodos de milicos golpistas na América Latina e na África.
É como se todos tivessem de aceitar os seus termos, no jogo bruto de imposição dos interesses americanos – como se fosse a ordem natural e o imperativo categórico todos se dobrarem sem resistência à superioridade do império. É pegar ou largar, na boa , sem reação, ou assistiremos uma nova etapa da história da política do “big stick” da parte da mesma potência imperialista.
O “big stick”: a política americana de Theodore Roosevelt no começo do século passado, e que proclamava a primazia da regra “fale manso e tenha na mão um porrete”, nas relações dos EUA com os demais países. Trump se apresenta ao mundo com a mesma política com uma pequena variante “Fale grosso e tenha na mão um porrete”.
(titoguarniere@terra.com.br)
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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