Domingo, 09 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de fevereiro de 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve revelar o seu aguardado plano para acabar com a guerra na Ucrânia na próxima semana, durante a Conferência de Segurança de Munique, na Alemanha, segundo a agência Bloomberg. Nesta quarta-feira, 5, a Rússia confirmou estar em contato com a administração republicana sobre o tema.
De acordo com a publicação, que cita fontes ligadas à conferência que falaram sob a condição de anonimato, o representante especial de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, é quem deve apresentar a proposta no evento que ocorre entre os dias 14 e 16 de fevereiro. Não se tem, porém, os detalhes do que deve ser apresentado.
Comentários de aliados e do próprio Kellogg dão indicações que a proposta deve incluir um congelamento do conflito e deixar o território ocupado pelas forças russas em um limbo, enquanto fornece garantias de segurança à Ucrânia para garantir que Moscou não possa atacar novamente, diz a publicação. Novas eleições na Ucrânia após um cessar-fogo também seriam do interesse americano.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, confirmou durante uma ligação com repórteres que há conversações entre o governo de Vladimir Putin e a administração Trump. “De fato, há contatos entre departamentos individuais, e eles se intensificaram recentemente, mas não posso fornecer outros detalhes”, disse.
Peskov havia sido questionado sobre o status das negociações após o presidente Trump, durante uma coletiva de imprensa conjunta na terça-feira com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, dizer que sua administração já estava tendo “discussões muito construtivas sobre a Ucrânia”.
“E estamos falando com os russos. Estamos falando com os ucranianos”, disse Trump, que fez campanha prometendo um fim rápido para a guerra que já dura quase três anos.
As forças de Putin recuaram no campo de batalha no ano seguinte à sua invasão, mas a Rússia desde então se recuperou e colocou a Ucrânia em desvantagem, tomando centenas de quilômetros de território ucraniano no ano passado, embora a grande custo. A Ucrânia, com população significativamente menor que a da Rússia, tem enfrentado dificuldades para colocar pessoal suficiente no campo de batalha.
Nas últimas semanas, Putin intensificou suas tentativas de minar a liderança do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, repetindo seu argumento de que o líder ucraniano não é mais legítimo, uma contestação que Kiev rejeita. O mandato presidencial de Zelenski expirou no ano passado, mas a lei ucraniana proíbe a realização de eleições durante períodos de lei marcial.
Peskov disse nesta quarta que, ainda assim, a Rússia “permanece aberta a negociações”.
A última vez que Rússia e Ucrânia realizaram conversas de paz, em 2022, elas fracassaram por desacordos fundamentais. A Rússia há muito procura negociar diretamente com os Estados Unidos e excluir a Ucrânia. O questionamento de Putin sobre a legitimidade de Zelenski poderia ser uma estratégia para minar a autoridade do líder ucraniano aos olhos da nova administração americana e fechar um acordo sem ele.
Trump, que há muito critica a ajuda dos EUA à Ucrânia, disse esta semana que queria que a Ucrânia fornecesse aos Estados Unidos minerais de terras raras em troca de apoio ao esforço de guerra de Kiev.
Peskov aproveitou esses comentários para retratar o apoio americano à Ucrânia como frágil, dizendo que tal acordo seria “uma proposta para comprar ajuda”.
Antes de sua posse há mais de duas semanas, Trump havia prometido encerrar a guerra na Ucrânia até mesmo antes de assumir o cargo, o que levou a especulações de que ele poderia pressionar Kiev a fazer concessões a Moscou. Com o tempo, porém, Trump foi endurecendo o discurso também contra a Rússia, ameaçando com tarifas e sanções caso Moscou não participasse de conversações de paz.
À medida que a possibilidade de conversas de paz aumenta, Putin tem elogiado Trump, concordando publicamente com o presidente que ele não teria invadido a Ucrânia se Trump tivesse vencido um segundo mandato na eleição de 2020.
O líder russo também disse que o Trump “restauraria a ordem” na Europa e o elogiou por sua persistência e caráter enquanto o presidente americano ameaçava aliados europeus, bem como o México e o Canadá, com tarifas punitivas. As informações são do portal Estadão.