Domingo, 23 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 14 de fevereiro de 2025
Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitaram o fechamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) por Donald Trump para alimentar teorias da conspiração que envolvem as eleições de 2022 e a atuação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo relatório do Instituto Democracia em Xeque, foram mais de 1,1 milhão de publicações no Brasil sobre o fim da Usaid, órgão com décadas de existência.
O engajamento é superlativo: 5,2 milhões de interações. “Entre as hashtags que acompanharam as publicações sobre o tema, é possível localizar apoio à decisão do governo Trump. O ministro Alexandre de Moraes também foi mencionado em postagens, algumas delas pedindo impeachment do magistrado e de Lula, e também há apoio ao retorno de Jair Bolsonaro à presidência”, aponta o levantamento.
Com base em desinformação, conforme checou o site Aos Fatos, um depoimento do ex-funcionário do Departamento de Estado Michael Benz tem sido usado por bolsonaristas para pedir uma CPI sobre o apoio da Usaid ao que consideram uma “interferência” na eleição brasileira.
“Se a Usaid não existisse, Bolsonaro ainda seria o presidente do Brasil, e o Brasil ainda teria uma internet livre e aberta”, alegou Benz em uma entrevista no início deste mês. Ele afirmou ainda que a agência gastou “dezenas de milhões de dólares dos contribuintes americanos” para pressionar o Congresso brasileiro e financiar advogados que atuariam no TSE para prejudicar Bolsonaro. Não há nenhum indício da veracidade das afirmações.
Depois da fala de Benz, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) questionou a lisura da eleição perdida pelo pai e vencida por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No X, chegou a dizer que “a Usaid fraudou as eleições do Brasil e chamou isso de ‘ajuda'”. Outra que engajou ao fazer as ilações foi Bia Kicis (PL-DF), também insinuando interferência no processo eleitoral brasileiro.
Três iniciativas brasileiras que entraram na mira dos bolsonaristas por causa da Usaid não recebem recursos da agência americana: os sites jornalísticos Alma Preta e Agência Lupa e o movimento Sleeping Giants Brasil, que repudiaram as acusações. As informações são do jornal O Globo.