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Política O que Mauro Cid revelou sobre Bolsonaro e o suposto plano de golpe de Estado

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O ex-ajudante de ordens da Presidência revelou detalhes do papel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista. (Foto: Lula Marques/Agência Brasil)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou na quarta-feira (19) o sigilo da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. O ex-ajudante de ordens da Presidência revelou detalhes do papel do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na trama golpista após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do funcionamento do gabinete do ódio no Palácio do Planalto e do envolvimento de aliados do então presidente no questionamento e afronta ao Estado Democrático de Direito.

O acordo de colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens no governo Jair Bolsonaro (PL), está organizado em 25 cláusulas que preveem suas obrigações e as contrapartidas oferecidas pela Polícia Federal em troca das informações compartilhadas.

Na delação, Cid narra que os conselheiros do então presidente após a derrota eleitoral em 2022 se dividiam em “radicais”, “conservadores” e “moderados”. No grupo mais agressivo, que defendia a insistência na busca por fraude em urnas eletrônicas e por um golpe de Estado com um braço armado, estariam a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ambos, entretanto, não foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República.

Além dos familiares do presidente, a ala mais radical tinha ainda o ex-ministro Onyx Lorenzoni, o senador Jorge Seif (PL-SC), o ex-ministro Gilson Machado, o senador Magno Malta (PL-ES) e o general Mário Fernandes. Eles também não estão entre os formalmente denunciados pela PGR.

Segundo o tenente-coronel, o gabinete do ódio atuava em uma “salinha pequenininha” que “não tinha nem janela” no mesmo andar do gabinete do ex-presidente.

De acordo com o delator, o grupo, responsável pela estratégia de comunicação digital do ex-presidente com um tom belicoso para lidar com os adversários políticos, era formado por “três garotos que eram assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro”: Tércio Arnaud Tomaz, então assessor da Presidência, José Mateus (Sales Gomes) e Mateus, sem saber citar o sobrenome do terceiro assessor.

A sala em que o grupo atuava, no terceiro andar do Palácio do Planalto, não tinha controle de entrada e saída, segundo Cid.

Mauro Cid revelou ainda que Bolsonaro pressionou o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para mudar um relatório em que o Exército não identificou falhas nas urnas eletrônicas.

Em depoimento ao STF em novembro de 2024, Cid afirmou: “O general Paulo Sérgio, a conclusão dele ia ser isso (ausência de falhas nas urnas). Aí, o presidente tava pressionando para que ele escrevesse isso de outra forma, né? O presidente queria que ele escrevesse que tivesse fraude. O que acabou saindo, eu acho, foi que não se poderia comprovar porque não era possível auditar”.

Mauro Cid afirmou em delação premiada que entregou ao ex-presidente US$ 86 mil decorrentes da venda de joias recebidas como presentes enquanto chefe de Estado. O montante corresponde a US$ 68 mil obtidos com a venda dos relógios Rolex e Patek Philippe a uma loja na Filadélfia e mais US$ 18 mil da venda de demais joias em um centro especializado de Miami, ambas cidades nos Estados Unidos. O valor foi fracionado e entregue em espécie a Bolsonaro em diferentes ocasiões, para evitar que “circulasse no sistema bancário”, segundo Cid.

O tenente-coronel Mauro Cid revelou que recebeu dinheiro do general Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Bolsonaro, em uma “sacolinha de vinho”. Segundo a denúncia da PGR apresentada ao Supremo, o dinheiro dado por Braga Netto a Cid seria usado em um plano para matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Moraes, no fim de 2022, com vistas a dar um golpe de Estado no País.

Durante um depoimento ao STF em novembro passado, Cid foi perguntado: “Braga Netto entregou o dinheiro dentro de um carregador de vinho, uma caixa de vinho?”. Cid respondeu: “Não, não, uma bolsa de presente de vinho. Uma sacolinha. Aquela que o pessoal dá de presente”.

O tenente-coronel cravou que partiu de Bolsonaro a ordem para os comandantes das Forças Armadas divulgarem uma nota conjunta autorizando a permanência de manifestantes nos acampamentos golpistas. Os chefes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica condenaram no texto “eventuais restrições a direitos, por parte de agentes públicos”.

Segundo Mauro Cid, o ex-presidente “sempre dava esperanças que algo fosse acontecer para convencer as Forças Armadas a concretizarem o golpe”.

“Esse foi um dos motivos pelos quais o então presidente Jair Bolsonaro não desmobilizou as pessoas que ficavam na frente dos quartéis. Em relação a isso, o colaborador também se recorda que os comandantes das Três Forças assinaram uma nota autorizando a manutenção da permanência das pessoas na frente dos quartéis por ordem do então presidente Jair Bolsonaro”, diz o termo de depoimento. (Estadão Conteúdo)

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https://www.osul.com.br/o-que-mauro-cid-revelou-sobre-bolsonaro-e-o-suposto-plano-de-golpe-de-estado/ O que Mauro Cid revelou sobre Bolsonaro e o suposto plano de golpe de Estado 2025-02-20
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