Terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 24 de fevereiro de 2025
A quantidade de pessoas com algum tipo de relacionamento com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) superou o patamar de 200 milhões pela primeira vez em janeiro. Apesar disso, o trabalho de inclusão bancária no Brasil está longe de acabar. Especialistas e representantes de bancos e fintechs celebram as conquistas dos últimos anos, mas destacam os próximos passos: expandir a educação financeira e a oferta de produtos cada vez mais personalizados.
A estatística dos 200.160.523 CPFs, segundo dados do Banco Central (BC), considera pessoas com contas corrente, salário, pagamento pré-paga, poupança, investimentos ou ativos em instituições autorizadas a funcionar pela autoridade monetária. A métrica engloba menores de idade e pessoas mortas que ainda não tiveram seu processo de inventário concluído. Por isso, é um dado abrangente, que ultrapassa os que efetivamente usam o sistema.
Porém, o crescimento da chamada “bancarização” também é visto em outras estatísticas. Em 2022, último número disponibilizado pelo BC, a quantidade de adultos com relacionamento bancário era de 168 milhões. Em 2012, esse número era de 119 milhões. A métrica considera pessoas com CPFs regulares na Receita Federal que tenham entre 15 e cem anos.
Sergio Biagini, sócio-líder para a indústria de serviços financeiros da Deloitte, aponta dois fatores que contribuíram para o aumento da bancarização e ambos aconteceram em 2020: a abertura de contas pela Caixa para o recebimento do Auxílio Emergencial e a criação do Pix.
Na apresentação de resultados do quarto trimestre de 2020, a Caixa informou que mais de 107 milhões de contas poupança foram abertas pelo aplicativo Caixa Tem. Segundo os dados do BC, o primeiro ano da pandemia foi o que teve o maior crescimento anual no número de relacionamentos com o SFN na série histórica iniciada em 2005. O número passou de 164,7 milhões no fim de 2019 para 178,8 milhões em 2020, um crescimento de 8,7%.
Biagini, da Deloitte, diz que o Auxílio Emergencial foi uma resposta ao problema causado pela pandemia, enquanto o Pix foi uma estratégia de produto, e os dois acabaram se completando. “[O Pix] é fácil de usar, ele é gratuito e é instantâneo. Além de você bancarizar, através do instrumento do Pix você conseguiu reter essa base”, afirma.
O Pix teve uma adesão rápida pela população desde o lançamento, em novembro de 2020. Um ano mais tarde, já contava com 107,5 milhões de pessoas físicas cadastradas e, em janeiro deste ano, o número chegava a 157,1 milhões.
Outro fator, não menos importante, é que a chegada das fintechs desafiou os bancos tradicionais a atender um público mais amplo, entrando em riscos que antes preferiam não correr — até porque tinham uma estrutura de custos que não permitia trabalhar com esses clientes de forma rentável. A digitalização barateou muito a bancarização. A expansão dos bancos digitais foi propiciada pela lei das instituições de pagamento, em 2013.
A popularização do comércio eletrônico também é apontada pelo BC como um vetor de inclusão financeira.
Com uma base já grande de brasileiros com pelo menos uma conta, a questão agora é como promover o uso adequado dos produtos e serviços financeiros por pessoas que por muitos anos não tiveram acesso ao sistema. As informações são do jornal Valor Econômico.