Por Redação O Sul | 26 de fevereiro de 2025
Menos de doze horas após eleger Gilberto Nascimento (PSD-SP) como seu novo líder, a bancada evangélica se reuniu na manhã dessa quarta-feira (26) para realizar o culto semestral da Santa Ceia, que marca a abertura dos trabalhos legislativos da Casa. A solenidade foi marcada por um discurso de Otoni de Paula (MDB-RJ), candidato derrotado na eleição interna, que era o preferido do governo federal.
Otoni usou a ocasião para fazer um apelo a Nascimento, solicitando que, como presidente da bancada, ele não se negasse a orar pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com base no papel institucional das igrejas, que é orar pelas autoridades, independentemente de sua orientação política.
“No dia que o atual presidente da República se dispor a nos receber para receber uma oração, que esta presidência não se negue orar por ele. Se ele der sinal que quer receber uma oração, como Bolsonaro veio, vamos receber”, iniciou Otoni, fazendo referência ao período em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi recepcionado por líderes evangélicos.
Otoni concluiu seu discurso afirmando que, independentemente de quem esteja na presidência, seja Lula ou Bolsonaro, o País continuaria sob a direção de Jesus. “Assim nós faremos um gesto a esta nação de que, como igreja, não nos furtaremos do nosso papel, de orar por uma autoridade. Seja Lula ou seja Bolsonaro, uma certeza nós temos, o Brasil segue sendo do senhor Jesus”, afirmou, sendo aplaudido pelos presentes.
Otoni fez seu discurso ao lado de Gilberto Nascimento e da vice-presidente Greyce Elias (Avante-MG), que havia desistido de concorrer ao cargo de líder minutos antes da votação. A atitude de Otoni foi vista como um gesto de reconciliação, após um período de tensões internas. O clima no culto, que ocorreu às portas fechadas, foi de união, após o racha dentro da bancada evangélica. Normalmente, a solenidade é conduzida pelo candidato vencedor, mas, desta vez, Nascimento optou por dividir o momento de oração com Otoni de Paula, em um gesto de aproximação entre os dois.
Apesar da polarização da campanha interna, o presidente da bancada foi eleito com ampla vantagem. Gilberto Nascimento obteve 117 votos, contra 61 de Otoni de Paula. As eleições de terça-feira (25) foram inéditas, pois, ao contrário das eleições anteriores, que sempre chegavam a um consenso, a ascensão de Otoni, que havia feito acenos ao Palácio do Planalto, levou a bancada bolsonarista a se articular e convencer Nascimento a concorrer. (O Globo)
