Segunda-feira, 03 de março de 2025
Por Redação O Sul | 1 de março de 2025
Quantas mobilizações podem caber em uma sala de cinema? Debates políticos, reaquecimento do setor e torcida pelo Oscar como se fosse uma final de Copa do Mundo são algumas das que estão sendo geradas pelo filme “Ainda Estou Aqui”.
Com direção de Walter Salles e um elenco de grande peso, o filme foi lançado em novembro do ano passado e já levou mais de cinco milhões de espectadores às salas de cinema, número que não era alcançado desde antes da pandemia de covid-19.
Na trama, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva (Selton Mello) é sequestrado durante a ditadura militar e torturado até a morte. Eunice Paiva (Fernanda Torres), então viúva, passa a cuidar de seus cinco filhos enquanto administra o luto, o sentimento de injustiça e a luta por respostas ao sumiço do marido.
Antes mesmo de ser lançado, o filme já vinha alimentando expectativas sobre uma possível repercussão em premiações internacionais. Em setembro de 2024, foi recebido com 14 minutos de aplausos no Festival de Veneza, onde também levou o prêmio de melhor roteiro. Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro, na categoria de melhor atriz em filme de drama. Coroando a produção como um dos principais nomes do cenário nacional, recebeu três indicações históricas ao Oscar 2025: melhor filme internacional, melhor filme e melhor atriz para Fernanda.
O longa de Walter Salles tem deixado o cinema brasileiro em foco e aberto possibilidades. O retorno do público às salas de cinema tem sido percebido também em outras produções. Um mês depois da estreia de “Ainda Estou Aqui”, a sequência de “Auto da Compadecida”, de Guel Arraes, estreou com sessões em todo o país. Em menos de uma semana, já tinha registrado a marca de um milhão de ingressos vendidos, além de fechar como a maior estreia de um filme brasileiro pós-pandemia, com quase 200 mil espectadores no dia do lançamento. Juntos, Ainda Estou Aqui e Auto da Compadecida 2 já somam quase 10 milhões de ingressos vendidos e mais de R$ 180 milhões em bilheteria.
Mercado audiovisual
Dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine) revelam que em 2024 o Brasil atingiu o maior número de salas de cinema da sua história. São mais de 3.509, frente às 3.478 registradas antes da pandemia, o que forçou o fechamento de quase metade delas. O número de espectadores dobrou em relação a 2023, com mais de 121 milhões de ingressos, melhor resultado para o setor desde 2019.
Segundo o Ministério da Cultura, “Ainda Estou Aqui” foi um dos nomes que ajudou na retomada do setor no ano passado. Além dos filmes em cartaz, a abertura de novos editais de fomento à cultura, as iniciativas por novas salas em cidades interioranas e a promoção de períodos com ingressos a preços mais acessíveis também contribuíram positivamente.