Quarta-feira, 05 de março de 2025
Por Redação O Sul | 4 de março de 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que consideraria negociar um acordo de livre comércio com a Argentina, conforme deseja o presidente Javier Milei. A declaração representa o primeiro sinal positivo em relação a um dos principais objetivos da política externa do governo argentino, no meio da guerra comercial desencadeada pela administração Trump com sua política de tarifas.
“Considerarei qualquer coisa. E a Argentina, sem dúvida, acho que ele (Milei) é genial. Acho que ele é um grande líder. Está fazendo um ótimo trabalho. Está fazendo um trabalho fantástico. Ele resgatou o país do esquecimento”, disse Trump na Casa Branca, ao ser questionado pelo jornal argentino La Nación sobre Milei e a possibilidade de um acordo de livre comércio com a Argentina.
Trump também confirmou que, a partir desta terça-feira, aplicará uma tarifa adicional de 25% sobre México e Canadá, dois dos principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.
A declaração de Trump ocorre após seu breve encontro com Milei na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC, na sigla em inglês), na qual o presidente argentino disse que aderiria à nova política de reciprocidade comercial imposta por Trump.
Milei afirmou ainda que, se não fosse pelo Mercosul (bloco que a Argentina integra com Brasil, Uruguai e Paraguai e que não permite negociações isoladas de seus membros com outros países), já teria iniciado discussões para flexibilizar o comércio com os Estados Unidos.
Portas abertas
Milei já havia antecipado, durante sua última visita a Washington para participar da CPAC, que a Argentina seria o primeiro país a aderir à política de reciprocidade comercial proposta por Trump. Ele também afirmou que, não fosse pelo Mercosul, já estaria negociando um acordo de livre comércio com os Estados Unidos.
“Por isso, quero aproveitar para anunciar que a Argentina quer ser o primeiro país do mundo a se somar a esse acordo recíproco que a administração Trump propõe no comércio. Na verdade, se não estivéssemos restringidos pelo Mercosul, a Argentina já estaria trabalhando em um acordo de livre comércio com os Estados Unidos”, declarou Milei, reforçando sua postura contrária ao bloco regional.
O Mercosul impede que seus membros negociem individualmente acordos de livre comércio com outros países, exigindo que essas tratativas sejam feitas em bloco, como ocorreu com a União Europeia.
Falas divergentes
A resposta de Trump sobre um possível acordo com a Argentina contrasta com uma declaração recente de seu enviado especial para a América Latina, Mauricio Claver-Carone. Em entrevista ao jornalista Andrés Oppenheimer, da CNN, Claver-Carone descartou um tratado de livre comércio com a Argentina.
“O presidente Trump foi muito claro ao afirmar que não estamos buscando novos tratados de livre comércio. O que queremos são acordos comerciais justos e equitativos. E, nesse sentido, obviamente gostaríamos de trabalhar com a Argentina”, disse Claver-Carone.
Ele também afirmou que “os acordos de livre comércio, como eram conhecidos nos anos 90, já não fazem parte da nossa estratégia”. Segundo ele, é muito mais viável buscar um acordo de promoção de investimentos do que um tratado de livre comércio com a Argentina.