Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 5 de março de 2025
Eduardo Bolsonaro criticou a fala do diretor vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou, nas redes sociais, que Walter Salles, diretor do filme “Ainda Estou Aqui”, vencedor na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2025, fez um longa sobre uma “ditadura inexistente” e destacou que o cineasta pode ser caracterizado como um “psicopata cínico” por “reclamar do governo americano”.
“Acredito que o sujeito que bate palmas para prisão de mães de família, idosos e trabalhadores inocentes, enquanto faz filme de uma ditadura inexistente e reclama do governo americano, que lhe dá todos os direitos e garantias para que suas reclamações públicas e mentirosas sejam respeitadas pelo sagrado direito da liberdade de expressão, define, em essência, o conceito do psicopata cínico”, disse o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, na terça-feira (4), no X (antigo Twitter).
Eduardo Bolsonaro ainda afirmou que se Walter Salles criticasse o “regime instaurado pelo Alexandre de Moraes”, ele estaria “na cadeia “gozando de todo o esplendor da democracia da esquerda”. Deve ser realmente muito difícil viver na ditadura americana”, finalizou o parlamentar.
O deputado refere-se a uma fala do diretor de cinema, dada em uma entrevista. No trecho recortado por Eduardo Bolsonaro, Walter afirma que o autoritarismo faz “graça no mundo” e as pessoas que vivem nos Estados Unidos se identificaram com “Ainda Estou Aqui”, que retrata um momento da ditadura militar brasileira, por se parecer com a realidade do país norte-americano neste momento.
“A gente está vivendo algo aqui que eu não esperei tão cedo. A gente está vendo um processo de fragilização crescente da democracia e esse processo está se acelerando cada vez mais. Então, a única coisa que eu posso atestar é o quanto o filme, que fala de uma ditadura militar, se tornou próximo de quem o viu nos Estados Unidos. Eu acho que isso explica, inclusive, a maneira crescente que ele foi sendo abraçado nos Estados Unidos. […] As pessoas vieram falar comigo sobre isso, sobre como o filme se pareceu próximo de uma realidade hoje, do momento presente, nos Estados Unidos. E eu diria que não é só aqui, porque, de certa forma, ele ecoa o perigo autoritário que hoje graça no mundo como um todo. A gente está vivendo um momento de extrema crueldade, da prática da crueldade como forma de exercício do poder. A gente está no meio disso, e é profundamente inquietante”, disse Walter Salles em entrevista dada um dia após a noite do Oscar.
O longa “Ainda Estou Aqui”, de Salles, é uma adaptação do livro homônimo escrito por Marcelo Rubens Paiva, conhecido anteriormente por “Feliz Ano Velho” — sucesso de vendas nos anos 1980.
A história se passa na década de 1970, durante o regime militar no Brasil, e acompanha a trajetória da família Paiva, composta por Rubens (Selton Mello), Eunice (Fernanda Torres) e filhos. A vida da família sofre uma mudança quando Rubens Paiva é levado por militares à paisana e some sem deixar rastros. Eunice então dedica décadas em busca de respostas sobre o paradeiro do marido.
O filme foi indicado a três categorias no Oscar: Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres, e ganhou a primeira estatueta do Brasil na história.
Jair, pai de Eduardo Bolsonaro, que já homenageou coronéis da ditadura, como Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi, mencionou a família Paiva na biografia “Mito ou Verdade: Jair Messias Bolsonaro”, escrita pelo filho, o senador Flávio Bolsonaro.
No livro, o ex-presidente conta que passou a adolescência em Eldorado Paulista (SP), no Vale do Ribeira. A família Paiva, liderada por Jaime Paiva, era dona da Fazenda Caraitá, grande símbolo de poder econômico e social da cidade. Bolsonaro, que originou-se de uma família humilde, revelou na obra que a diferença de classe o incomodava.
Na noite de terça (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, parabenizou Walter Salles pela premiação de “Melhor Filme Internacional” no Oscar 2025.
“A gente não tem muito o que falar, quando a gente percebe que um brasileiro é capaz de se superar numa arte que, até então, me parece que só americano ganhava. Então eu quero te dizer que foi uma noite de ouro”, disse Lula.
Para o presidente, o diretor do filme conseguiu “lavar a alma do povo brasileiro e do cinema brasileiro”, além de recuperar, “de uma forma muito importante, a história de Rubens Paiva”.
O chefe do Executivo ainda convidou a atriz Fernanda Torres e o diretor Walter Salles para um encontro de celebração à estatueta do Oscar, que deve acontecer em Brasília, mas ainda não tem data definida. As informações são do portal de notícias CNN Brasil.