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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A maioria dos jornalistas e analistas viram, no encontro ocorrido no último dia 28.02.2025, no Salão Oval da Casa Branca, entre Trump e Zelensky, uma derrota para a diplomacia como um todo, muito mais do que simplesmente um inédito constrangimento do atual líder ucraniano. Se, em termos diplomáticos, a reunião foi um desastre, pior pode ter sido para os atuais aliados dos EUA, especialmente os países europeus, agora não mais contando com a proteção dos americanos, naquela que é a maior reviravolta política no Pós-Guerra.

Em 1994, os americanos apoiaram o desarmamento nuclear da Ucrânia, transferindo essas armas para a Rússia, como parte do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares. Em troca, Rússia, Estados Unidos e Reino Unido, garantiram respeitar a independência e a soberania ucranianas nas fronteiras existentes. A partir de então, em contraste com a expansão da OTAN, o que se viu foram vários tratados sendo quebrados por Putin, redundando na anexação da Crimeia e culminando com a invasão da Ucrânia.

Um dos pontos mais polêmicos na atual movimentação da geopolítica mundial tem sido a postura de Donald Trump, abandonando tratados históricos com países do ocidente e colocando-se ao lado de líderes autocratas, a exemplo de Vladimir Putin. Essa surpreendente atitude de Trump traz a promessa de evitar uma hecatombe nuclear, mas ao preço de fragilizar alguns países menores e submeter as demais nações a eventuais caprichos de três grandes potências: EUA, Rússia e China.

Essa atração por uma política baseada na lei do mais forte sugere que haverá enormes transformações na atual arquitetura de poder do planeta. Trump parece enxergar, no complexo tabuleiro geopolítico mundial, a extensão de suas práticas comerciais privadas. Um grande jogo, conforme ele deixou escapar ao sugerir que Zelensky não dispunha das melhores cartas no confronto com a Rússia.

Mas, será essa uma estratégia dos EUA ou muito mais um devaneio de poder de Trump, buscando correr para, em seus delírios mais ousados, ser merecedor de um prêmio Nobel da Paz? Saber o que se passa na cabeça do atual Presidente americano não tem sido uma tarefa fácil. Imprevisível, capaz de desmentir o que falou há minutos, como ao dizer não se lembrar que havia chamado Zelensky de ditador, ou ao mudar suas estratégias tarifárias ao sabor do vento, Trump confunde, mas também amedronta seus novos oponentes ou improváveis aliados.

Nessa coreografia instável, o Presidente americano assume um comportamento não linear e até incompressível. É dessa forma que ele tem deixado confusos seus interlocutores. Nas ações de um cidadão comum, tais comportamentos poderiam passar despercebidas, mas não quando movem as declarações e atitudes do ainda homem mais poderoso do mundo.

E, para quem, desavisadamente, imagina que tudo passará após seus quatro anos de mandato, as notícias não são muito boas. Apesar de, por exemplo, no campo migratório e econômico, algumas de suas extravagâncias possam ser mitigadas ou até revertidas por um novo governo de perfil tradicional, há, um dano que se projeta como irreversível, dado que mutilou um dos pilares mais tradicionais do Pós-Guerra.

A partir de 1948, os EUA e a Europa estabeleceram um pacto de mútua proteção e que agora Trump faz desabar de maneira surpreendente. O que se quebrou não foi um simples acordo, mas uma aliança. Alianças são feitas entre estados e não podem estar sujeitas ao humor do presidente de plantão. Esses laços, agora rompidos, afetam também a confiança mútua, elemento essencial que governa as relações entre os países. Sem esses elos de confiança, os países tendem a ser governados pelo medo, o pior dos conselheiros. Inevitável, embora não necessariamente preditivo, comparar a atual situação com o cenário que antecedeu a Segunda Grande Guerra. Coincidências, contudo, não são um destino, mas deveriam servir de alerta para que as forças democráticas do mundo, agora machucado pela ação de Trump, não subestimem esses inquietantes sinais que diariamente a Casa Branca emite.

(edsonbundchen@hotmail.com)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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