Domingo, 09 de março de 2025
Por Redação O Sul | 6 de março de 2025
Desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a palavra tarifa tem sido uma das mais divulgadas pelo noticiário internacional. Entenda abaixo a função das tarifas, como as aplicadas pelo governo americano.
– O que são as tarifas? Tarifas são impostos sobre mercadorias importadas. Geralmente são cobradas como uma porcentagem do preço que um comprador paga a um vendedor estrangeiro. Nos EUA, as tarifas são coletadas por agentes da Alfândega e Proteção de Fronteiras em 328 portos de entrada pelo país. As taxas variam: por exemplo, são geralmente de 2,5% sobre carros de passageiros e 6% sobre sapatos de golfe. Tarifas podem ser menores para países com os quais os EUA têm acordos comerciais. Antes de os EUA começarem a impor tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México, a maioria das mercadorias circulava entre os três países sem tarifas, devido ao Acordo EUA-México-Canadá.
– O que diz Trump sobre as tarifas? Trump defende as tarifas, insistindo que são pagas por países estrangeiros. Na realidade, são as empresas importadoras americanas que pagam as tarifas, e o dinheiro vai para o Tesouro dos EUA. Essas empresas normalmente repassam os custos aos consumidores elevando preços. Trump afirmou que as tarifas criam mais empregos na indústria, reduzem o déficit federal, diminuem os preços dos alimentos e permitem que o governo subsidie o cuidado infantil. Durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas de forma agressiva sobre painéis solares, aço, alumínio e praticamente todos os produtos da China. Ele até se autodenominou “Tariff Man” (“Homem da Tarifa”). Nos últimos anos, os EUA têm gradualmente se afastado de seu papel pós-Segunda Guerra de promover o livre comércio global e a redução de tarifas. Isso ocorre, em parte, como resposta à perda de empregos industriais nos EUA, amplamente atribuída ao comércio irrestrito e à ascensão da China como potência manufatureira.
– Para que servem tarifas? Ao aumentar o preço das importações, as tarifas podem proteger fabricantes locais. Elas também podem servir para punir países por práticas comerciais desleais, como subsidiar seus exportadores ou vender produtos a preços injustamente baixos. Antes do estabelecimento do imposto de renda federal, em 1913, as tarifas eram uma grande fonte de receita para o governo. Entre 1790 e 1860, elas representavam 90% da receita federal, de acordo com
Douglas Irwin, economista do Dartmouth College. No ano fiscal encerrado em setembro, o governo arrecadou cerca de US$ 80 bilhões em tarifas e taxas, um valor pequeno em comparação aos US$ 2,5 trilhões arrecadados com impostos sobre a renda individual e ao US$ 1,7 trilhão arrecadado com impostos da Previdência Social e do Medicare.
– O que dizem economistas? Economistas tradicionais são, em geral, céticos em relação às tarifas, pois as consideram uma forma ineficiente de arrecadar receita para o governo. As tarifas aumentam os custos para empresas e consumidores que dependem de importações. Além disso, frequentemente provocam retaliação. A União Europeia, por exemplo, reagiu às tarifas de Trump sobre aço e alumínio taxando produtos americanos, como bourbon e motocicletas Harley-Davidson. Da mesma forma, a China respondeu impondo tarifas sobre produtos dos EUA, incluindo soja e carne suína, em um esforço calculado para prejudicar seus apoiadores no meio rural. Um estudo de economistas do MIT, da Universidade de Zurique, de Harvard e do Banco Mundial concluiu que as tarifas de Trump falharam em restaurar empregos na indústria americana. (Estadão Conteúdo)