Domingo, 27 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 6 de março de 2025
O presidente dos EUA, Donald Trump, fez um ultimato ao grupo terrorista Hamas e ameaçou a população palestina na Faixa de Gaza de morte na noite de quarta-feira, afirmando que, se os reféns capturados durante o atentado de 7 de outubro de 2023 que permanecem no enclave não forem devolvidos a Israel, o preço a pagar será “um inferno”.
O ultimato foi feito em uma publicação na rede social Truth Social, em um momento em que os EUA mantêm negociações diretas com a organização palestina sobre a continuidade do cessar-fogo assinado com os israelenses – uma posição que rompe com a antiga política de Washington de não dialogar diretamente com organizações que considera terroristas.
“Ao povo de Gaza: um futuro lindo os espera, mas não se você mantiver reféns. Se você o fizer, você está MORTO! Tome uma decisão INTELIGENTE. LIBERTE OS REFÉNS AGORA OU HAVERÁ UM INFERNO PELO QUAL PAGAR MAIS TARDE!”, escreveu o republicano em um trecho da publicação.
A mensagem direcionada à população palestina veio no trecho final da publicação, que na maior parte correspondia a um ultimato ao Hamas. Trump condicionou a libertação imediata de todos os reféns – um ponto que tem estagnado o início da segunda fase do cessar-fogo acordado em janeiro – à continuidade da trégua, advertindo que a não concordância significaria uma retomada da via militar, com apoio amplo americano a Israel.
“‘Shalom Hamas’ significa Olá e Adeus – Você pode escolher. Liberte todos os reféns agora, não depois, e devolva imediatamente todos os corpos das pessoas que você assassinou, ou ACABOU para você”, escreveu Trump. “Estou enviando a Israel tudo o que precisa para terminar o trabalho, nenhum membro do Hamas estará seguro se você não fizer o que eu digo. Acabei de me encontrar com seus antigos reféns cujas vidas você destruiu. Este é seu último aviso! Para a liderança, agora é a hora de deixar Gaza, enquanto você ainda tem uma chance.”
O grupo palestino reagiu às manifestações de Trump na manhã dessa quinta-feira, afirmando que as ameaças deixavam o retorno dos reféns como um objetivo mais distante, além de dificultar as negociações com Israel.
“Essas ameaças complicam as questões relacionadas ao acordo de cessar-fogo e encorajam a ocupação [como o grupo de refere a Israel] a evitar implementar seus termos”, disse o porta-voz do Hamas, Hazem Qasim, pedindo aos EUA que pressionem Israel a entrar na segunda fase do cessar-fogo.
Impasse
Pelos termos do acordo fechado em janeiro, a negociação para implementar essa segunda fase, na qual ocorreria a libertação dos reféns restantes, deveria ter começado 16 dias depois do começo da trégua. Pressionado internamente por aliados de sua coalizão que são contrários a arrefecer a posição quanto ao Hamas, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem se mostrado relutante em seguir com os termos pré-estabelecidos. No domingo, o governo bloqueou a entrada de ajuda humanitária no enclave – algo denunciado por países estrangeiros.
Abdel-Latif al-Qanua, outro porta-voz do grupo palestino, disse à agência britânica Reuters que as ameaças de Trump equivalem a um apoio ao que chamou de tentativas de Netanyahu de avançar no cessar-fogo.
“O melhor caminho para libertar os prisioneiros israelenses restantes é a ocupação entrar na segunda fase e obrigá-la a aderir ao acordo assinado por meio dos mediadores”, disse.
O chefe da diplomacia dos EUA, Marco Rubio, afirmou em entrevista à Fox News que Trump não estava brincando na publicação.
“Ele não diz esse tipo de coisa se não estiver falando sério, como o mundo inteiro pode ver. Se ele diz que vai fazer algo, ele vai fazer”, declarou. “Então, é melhor que levem isso a sério.”
As ameaças do presidente, que se reuniu na quarta-feira com familiares dos reféns, coincidem com a confirmação de que os Estados Unidos e o grupo palestino mantiveram contatos diretos. As informações são do jornal O Globo e de agências internacionais de notícias.