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Variedades Era do Gelo: cientistas criam animal com genes do mamute, em feito inédito; entenda

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O camundongo Colossal marca um momento decisivo na missão da empresa de desextinção. (Foto: Reprodução)

O mamute ainda não voltou a caminhar pela Sibéria. Mas alguns de seus genes já andam num laboratório americano pelas patas de camundongos. Não roedores quaisquer, mas camundongos-lanudos, como foram batizados por sua criadora, a companhia de biotecnologia Colossal Biosciences. A empresa promete “desextinguir” o mamute e diz que seus pequenos transgênicos superpeludos são o primeiro grande passo para reviver o gigante da Era do Gelo num mundo agora sob o julgo do aquecimento global.

Desenvolvidos meio de engenharia genética com genes reconstruídos do mamute-lanudo, as novas criaturas são uma demonstração de musculatura científica. Os pelos são louros, abundantes, desgrenhados e longos. A pele tem camadas extras de gordura para se adaptar ao frio extremo, uma característica essencial no tempo dos mamutes, mas cada vez sem utilidade em nossa era.

Críticos dizem que o roedor high-tech tem a aparência perfeita habitar as geladas cavernas pré-históricas, mas não sobreviveria muito tempo fora do ar-condicionado potente do laboratório. O mesmo destino teria um mamute, que precisaria enfrentar degelo recorde, o derretimento do permafrost (solo congelado) e verões cada vez mais quentes, mesmo nas regiões polares.

O mamute (Mammuthus primigenius) foi extinto há dez mil anos, se despediu junto com a Era do Gelo. Se acredita que uma pequena população sobreviveu até há 5.000 anos numa ilha na Sibéria. Mas hoje tudo o que resta são corpos congelados, revelados por degelo cada vez mais intenso.

Foi de um desses corpos, de um mamute morto há 52 mil anos, na Sibéria, que se conseguiu extrair DNA e com ele reconstruir os cromossomos. Um feito tão notável que mereceu destaque na revista Cell, a mais prestigiosa da biologia.

Logo depois disso, a Colossal anunciou que seus primeiros bebês mamutes nasceriam em 2028. Não serão exatamente mamutes. E sim híbridos, bem mais elefantes do que mamutes e gestados por uma mãe de aluguel elefanta. A espécie escolhida foi o elefante asiático, mais semelhante ao mamute que o africano.

Ambição estratosférica

A Colossal planeja desenvolver seus embriões por meio da aplicação de técnicas de clonagem, edição gênica, biologia sintética e bioinformática, combinando genes de mamute com os de elefantes asiáticos. E é exatamente com o desenvolvimento de softwares nessas áreas e com vasta gama de aplicações em biotecnologia que a Colossal espera lucrar.

Em seu site ela afirma que a desextinção será o “projeto Apollo da biotecnologia”. Em vez de levar seres humanos à Lua, a empresa abrir um túnel do tempo biotecnológico ao recriar animais extintos. Mas a Colossal não mira somente o passado. Se tiver êxito, suas criaturas são garotas-propaganda para tecnologia com usos em medicina e agropecuária, por exemplo.

A empresa conseguiu doações em janeiro de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) para levar adiante seus projetos de trazer de volta o mamute, o tilacino ou tigre-da-Tasmânia (Thylacinus cynocephalus), extinto em 1936, exterminado por caçadores; e o dodo (Raphus cucullatus).

O dodo foi tão perseguido que se transformou em símbolo máximo da extinção provocada pelo ser humano. Era uma ave gordinha que não podia voar e só existia nas Ilhas Maurício. Quando os europeus lá chegaram, foi caçada até desaparecer. O último dodo morreu em 1681.

Por enquanto, a Colossal lambe sua primeira cria, o camundongo-lanudo. “Nosso camundongo Colossal marca um momento decisivo em nossa missão de desextinção. Ao introduzir múltiplas características de tolerância ao frio, provenientes das vias evolutivas do mamute, em uma espécie modelo viva, provamos nossa capacidade para recriar combinações genéticas complexas que a natureza levou milhões de anos para desenvolver”, afirmou em nota o CEO da empresa, Ben Lamm.

A Colossal foi fundada em 2021 pelo próprio Lamm, que fez fortuna criando empresas de tecnologia, e pelo biólogo da Universidade de Harvard George Church.

O camundongo causa impacto. Mas a caminhada até o mamute é longa. Embora a Colossal venha trabalhando no genoma do elefante asiático, ainda não teve capacidade para alterar embriões o suficiente para obter filhotes vivos.

1,5 milhão de desafios

O genoma do mamute foi parcialmente reconstruído, mas guarda ainda muitos mistérios. E será preciso combiná-lo ao do elefante asiático. Só que há pelo menos 1,5 milhão de diferenças genéticas entre mamutes e elefantes e não se sabe quais delas são relevantes.

Reescrever um genoma de um animal que sequer se conheceu exigiria testes com centenas de embriões. A única maneira de confirmar se a edição deu certo seria acompanhar os embriões durante a gestação e esperar o nascimento de um mamute viável.

O problema é que a gestação de um elefante leva quase dois anos e isso seria impraticável. Isso sem falar nas consequências éticas de usar um elefante, um animal altamente sociável, inteligente e ameaçado numa experiência do tipo.

O camundongo foi a saída. Seu genoma é mais fácil de modificar com a técnica de CRISPR (uma ferramenta de edição genética criada em 2012) e sua gestação leva apenas 20 dias.

Os cientistas da Colossal identificaram sete genes que davam ao mamute o pelo grosso, longo e cacheado. Também encontraram um gene responsável pela cor dourada do pelo e outro que regulava o metabolismo acelerado de gordura.

Eles usaram CRISPR para editar células-tronco e embriões de camundongos. A Colossal criou 250 embriões, mas menos da metade chegou a um estágio avançado (200 a 300 células). Os embriões sobreviventes foram implantados 12 camundongas mães de aluguel.

No final, nasceram 38 filhotes de camundongo, todos dourados, superpeludos e com metabolismo acelerado de gordura. Para Lamm, os camundongos não nos aproximam diretamente de um mamute, mas confirmam que a tecnologia de desextinção funciona.

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