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Política As discussões sobre candidaturas para a Presidência da República em 2026 se concentram em nomes de homens, ignorando a participação feminina

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As discussões sobre candidaturas para a Presidência da República em 2026 concentram-se em nomes de homens. (Foto: Agência Brasil)

As discussões sobre candidaturas para a Presidência da República em 2026 concentram-se em nomes de homens, relegando às mulheres um papel lateral, que reflete o espaço ainda limitado para elas na política brasileira, na avaliação de especialistas. Apesar de avanços nas últimas décadas, o balanço no Dia Internacional da Mulher, celebrado no sábado (8), demonstra que persistem barreiras para a ascensão nas estruturas partidárias e instâncias decisórias. No pleito de 2022, o Brasil teve seu recorde de candidatas a presidente, com quatro postulantes. A mais bem posicionada entre elas, Simone Tebet (MDB), obteve 4,16% dos votos válidos.

A um ano e meio das eleições, as conversas no universo político mencionam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como opção natural do campo governista. Além dele, há ministros que poderiam sucedê-lo, ao menos cinco governadores de oposição interessados em concorrer, “outsiders” e, mesmo estando inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se apresenta como pré-candidato. O rol é, essencialmente, masculino.

As exceções ficam por conta da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), apontada como alternativa do bolsonarismo, e de aliadas de Lula como as ministras Tebet e Marina Silva (Rede) e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, que também irá para o governo. Seus nomes têm sido testados em pesquisas de opinião, mas não há mobilização em torno delas nos bastidores.

Michelle é, entre elas, a que alcança maior percentual nas sondagens de intenção de voto, mas a expectativa é que ela concorra a uma vaga no Senado pelo Distrito Federal. Dirigentes ouvidos pelo Valor afirmam, em conversas reservadas, que a ex-primeira-dama teria dificuldade em atrair o apoio de outras forças, por causa da inexperiência. O ex-presidente já citou a esposa como “um bom nome com chances de chegar” à Presidência, mas depois disse que “não tem nada negociado, nada conversado” sobre isso e reiterou que a meta é a vaga de senadora. Um aliado dele afirma que “é zero” a chance de Michelle concorrer a presidente.

A atual primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, chegou a ser aventada no início do governo como possível sucessora de Lula, mas a conversa esfriou diante das críticas a ela após uma série de polêmicas e da baixa popularidade. Pela lei, Janja está impedida de se candidatar enquanto o marido estiver na Presidência.

Tebet, que declarou apoio a Lula no segundo turno de 2022 e foi para o Ministério do Planejamento, está mais perto hoje de concorrer ao Senado por Mato Grosso do Sul, seu Estado natal, do que de uma nova corrida ao Planalto. Ela tem sinalizado que seus passos serão dados em alinhamento com os planos eleitorais de Lula, e enfrentá-lo novamente é algo descartado. Seu partido, o MDB, tampouco aposta em Tebet como presidenciável, enquanto discute se caminhará com o PT em 2026 ou estará no polo da oposição. Indefinição parecida recai sobre Marina Silva, hoje titular do Ministério do Meio Ambiente e que tem na biografia a participação em três eleições presidenciais (2010, 2014 e 2018). Um auxiliar descreve como “fora de cogitação” uma nova candidatura nacional dela.

Apesar do discurso no entorno de Lula de que ele é o candidato do partido para 2026, outros nomes da Esplanada são ventilados como alternativas — todos homens, a começar pelo petista Fernando Haddad (Fazenda). Em dezembro, Gleisi foi a público desautorizar a inserção de seu nome em pesquisas, falar que não é candidata e reafirmar a unidade em prol de Lula. Embora o Brasil já tenha eleito uma mulher, Dilma Rousseff (PT), em 2010 e 2014, a pecha de “plano B” costuma prevalecer quando se trata de candidaturas femininas à Presidência. Outra situação recorrente é a de cogitar mulheres para vice, em chapas encabeçadas geralmente por homens.

A pesquisadora Carla Mayumi, cofundadora do movimento Vote Nelas, diz que é preciso quebrar a ideia de que eleições presidenciais são “terreno masculino, onde as mulheres só entram se os favoritos não puderem disputar”. Ela avalia que o Brasil sofre um déficit histórico na representatividade política feminina, o que faz com que menos candidatas sejam consideradas para cargos de destaque. Mayumi acrescenta que “é impossível ignorar o impacto da estrutura patriarcal intrínseca, com barreiras invisíveis à ascensão feminina”, mas vê progressos: “O panorama muda lentamente, mas muda.”

Segundo a cientista política Malu Gatto, coautora do livro “Candidatas: Os Primeiros Passos das Mulheres na Política do Brasil”, os entraves para elas alcançarem posições altas repetem-se em outros países, mas são enfrentados no longo prazo com medidas para ampliar a presença desde a base, como cotas. “No caso brasileiro, os avanços são mais tímidos, mas vemos um avanço institucional. Pesquisas mostram que o eleitor quer votar em mulheres, mas elas têm que ser apresentadas como candidatas competitivas, porque ele busca quem tem chance de ganhar”, diz. As informações são do jornal Valor Econômico.

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