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Política Esquerda vê Lula como a única opção para a Presidência da República em 2026, mas não permite disputa interna

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Em conversas, Lula mostra entusiasmo com a campanha presidencial de 2026. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Petistas mantêm um pacto tácito para que só se dê início ao debate sobre sucessão do presidente Lula (PT) após as eleições de 2026, quando deverá concorrer à reeleição. A avaliação é de que a antecipação desse debate representaria um desserviço para a esquerda. Nas palavras de um expoente do PT, a busca por um sucessor seria um suicídio político. Até porque esse nome não existe e não haverá outro Lula.

Em janeiro, na primeira reunião ministerial de 2025, Lula lembrou incidentes sofridos no ano passado, como uma pane no avião presidencial e sua queda no banheiro, para reconhecer que motivos alheios à sua vontade podem inviabilizar uma candidatura à reeleição.

Embora o presidente tenha dito que só Deus sabe se será candidato, a afirmação não foi recebida pela equipe como um prenúncio de desistência, mas um incentivo para que seus ministros trabalhem mais, seja pelo sucesso do governo ou por uma oportunidade pessoal.

Dentro dessa estratégia, repetem que Lula é a única alternativa da esquerda para 2026. Apesar desse discurso, aliados do presidente travam uma disputa nos bastidores para se viabilizar como herdeiros desse legado, especialmente em um momento de fragilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

O chefe da equipe econômica costuma ser lembrado para as eleições presidenciais, após ter chegado ao segundo turno contra Jair Bolsonaro em 2018. Mas, em conversas, Haddad chegou a admitir um período de abatimento após a crise provocada pela disseminação de fake news sobre taxação de operações via Pix, em janeiro.

Pesquisa Quaest em fevereiro apontou alto índice de rejeição do ministro da Fazenda, e seus pares reconhecem que fizeram pouco para preservá-lo —o que acabou atingindo o governo Lula.

O desgaste da imagem do ministro possibilitou o surgimento de outros potenciais sucessores. Hoje citado apenas para as eleições presidenciais de 2030, o nome do ministro Flávio Dino, do STF (Supremo Tribunal Federal), passou a ser apontado como uma hipótese já para 2026.

Ex-governador do Maranhão, ele ganhou notoriedade à frente do Ministério da Justiça, em 2023. Sua atuação por maior transparência na execução das emendas parlamentares mantém seu nome no cenário político, alimentando rumores de que possa abandonar a toga para entrar numa disputa eleitoral.

O ministro da Educação, Camilo Santana (PT), também é citado para a disputa presidencial, especialmente depois da vitória sobre o bolsonarismo na corrida pela Prefeitura de Fortaleza. Em discursos, Lula chega a desafiá-lo, em tom de brincadeira, a ter desempenho melhor ao de Haddad na Educação – o atual titular da Fazenda comandou a pasta da Educação nas gestões anteriores de Lula e também no governo Dilma Rousseff.

Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), sempre é lembrado para a disputa, até por já ter sido sondado em 2018, contra Bolsonaro. Mas não aceitou a missão.

Tido como um afilhado político de Wagner, o chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT), tem ganhado espaço na função de gerente do governo.

O nome do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), surge nas conversas como opção para um cenário que exija um movimento para o centro.

Enquanto aliados reafirmam a candidatura de Lula como única viável, atitudes do presidente têm sido encaradas como uma tentativa de dar visibilidade a opções ao seu nome. A decisão de nomear a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), para o ministério responsável pela articulação política foi entendida como parte dessa busca de alternativas.

O próprio presidente argumentou que esse seria um resgate da imagem dela. Nas conversas sobre a sucessão na pasta, Lula disse que deve a Gleisi a oportunidade para mostrar sua capacidade de articulação.

Lula afirmou ainda que a opção por ela no ministério seria um reconhecimento ao seu trabalho no comando do PT, onde está desde 2017.

A própria nomeação de Alexandre Padilha (PT) para o Ministério da Saúde é entendida como uma chance para se viabilizar eleitoralmente, ainda que seja para uma disputa ao Senado em 2026, ou à Prefeitura de São Paulo em 2028.

Nas conversas, Lula mostra entusiasmo com a campanha presidencial de 2026. Uma prova disso está na decisão de nomear Gleisi para a Secretaria de Relações Institucionais, além da chegada do publicitário Sidônio Palmeira ao Palácio do Planalto.

Com o apoio ao nome do ex-prefeito de Araraquara Edinho Silva para a presidência do PT, Lula leva para seu lado integrantes do núcleo da campanha de 2022. Durante reunião da última quinta (6) com dirigentes da maior força do PT, o vice-presidente do partido e prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, disse a Lula que, se fosse para perder, seria melhor nem entrar na disputa.

“Mas essa hipótese não existe. Lula está animado e confiante. Ele vai concorrer e ganhar”, disse Quaquá. (Folhapress)

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