Quinta-feira, 13 de março de 2025
Por Redação O Sul | 12 de março de 2025
Os agressores explodiram uma seção da ferrovia e apreenderam o trem na terça-feira à noite no Baluchistão
Foto: ReproduçãoAs Forças de Segurança do Paquistão resgataram quase 350 passageiros que eram feitos reféns no trem Jaffar Express, sequestrado na terça-feira (11) por militantes separatistas na província de Baluchistão, no sudoeste do país.
Após mais de 30 horas de impasse, 21 civis foram mortos, incluindo o maquinista, assim como 28 soldados e um paramilitar. As autoridades, por sua vez, abateram 33 insurgentes do Exército de Libertação de Baluchistão, principal grupo separatista da região. Ao todo, 17 passageiros ficaram feridos.
Os agressores explodiram uma seção da ferrovia e apreenderam o trem na terça-feira à noite no Baluchistão, uma província pobre, rica em petróleo e minerais, no sudoeste do país, onde os ataques separatistas são frequentes.
No total, 168 reféns foram libertados na terça e 178 nesta quarta-feira, disse uma autoridade sênior. A operação de resgate começou na madrugada, um dia após o grupo armado sequestrar o trem de passageiros, que havia partido de Quetta com destino a Peshawar, em uma viagem que dura mais de 30 horas.
Durante as 30 horas de sequestro, os rebeldes exigiam a libertação de prisioneiros políticos balúchis. Segundo relatos, na ocasião, os militantes ameaçaram matar os reféns caso suas demandas não sejam atendidas em até 48 horas.
Os passageiros que conseguiram escapar relataram momentos de terror. Muitos precisaram caminhar por horas em terreno montanhoso para fugir.
O BLA, responsável pelo ataque, já realizou diversos atentados contra delegacias de polícia, linhas ferroviárias e rodovias. O grupo é considerado uma organização terrorista pelo Paquistão e por países como Reino Unido e Estados Unidos.
Há décadas as forças de segurança paquistanesas lutam contra os insurgentes na província empobrecida. Eles acusam Islamabad de explorar os ricos recursos minerais da província, ao mesmo tempo em que os negligencia. No passado, eles atacaram acampamentos militares, estações ferroviárias e trens – mas esta é a primeira vez que sequestram um trem.
Durante o impasse, as forças de segurança paquistanesas evitaram um confronto direto com os sequestradores por conta de preocupações com a segurança dos passageiros. Nesta quarta-feira (12), os separatistas ameaçaram executar cinco reféns por hora até que o governo cumprisse suas exigências.
Horas depois, o grupo afirmou que executou 50 reféns como consequência da “retaliação direta”, porém o número não foi confirmado pelo Exército. O ELB também publicou um vídeo com o momento do ataque ao trem. Ainda não se sabe se as mortes de reféns anunciadas oficialmente ocorreram em execuções ou no momento do ataque ao trem.
Centenas de soldados e equipes em helicópteros foram mobilizados para resgatar os reféns na remota região montanhosa onde o trem foi parado. O maquinista e várias outras pessoas já haviam sido mortas no momento do ataque, disseram as autoridades a agências de notícias. Durante esta quarta-feira, um trem carregado com caixões partiu em direção ao local do sequestro.
Entre 70 e 80 militantes atuaram no sequestro, segundo uma fonte de segurança da agência de notícias Reuters. O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou o ataque. O ministro do Interior, Mohsin Naqvi, chamou os sequestradores de “inimigos” do Paquistão e o ataque de uma conspiração para desestabilizar o país. Um porta-voz do governo, Shahid Rind, descreveu o ataque como “um ato de terrorismo”.