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Política Aceno ao Centrão, busca por Fernando Haddad e jantar com líderes: a primeira semana de Gleisi Hoffmann como ministra de Lula

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Petista fez reuniões em série e visitou a Fazenda para aparar arestas e desfazer rótulo de radical. (Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda)

Descrita por aliados como combativa e defensora dos interesses da esquerda, a nova ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, usou os seus primeiros dias no cargo para tentar desfazer a imagem à qual é associada em Brasília. Os gestos da nova chefe da articulação política buscaram, antes de mais nada, aproximação com o Centrão e alinhamento com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Gleisi participou de encontros com a cúpula do Congresso com o objetivo de sinalizar que a sua gestão à frente da pasta pretende ter dias mais calmos do que os do seu antecessor, Alexandre Padilha, que chegou a cortar relações com o então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Os movimentos da petista começaram no discurso de posse na segunda-feira e tiveram sequência em uma série de reuniões.

Para um auxiliar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ministra conseguiu neste primeiro momento atenuar o desgaste na relação do governo com o Congresso, que havia se acumulado nos dois anos de Padilha. Um líder de uma sigla de centro diz que a ex-presidente do PT encerrou a primeira semana como articulada com o placar favorável, mas lembra que a partida está longe de ser definida.

Ainda segundo o integrante do governo, Gleisi estabeleceu uma nova dinâmica e obteve nesta largada uma proximidade maior com o comando do Congresso e os líderes, o que Padilha já não conseguia fazer nos últimos meses. Um líder do Centrão avalia que ela deu passos para superar as resistências que enfrenta e criou uma boa expectativa.

Portas abertas

Gleisi primeiro se reuniu com os líderes dos partidos de esquerda na Câmara em um almoço no Planalto, na terça-feira (11). No mesmo dia, abriu as portas de seu apartamento para líderes do Centrão. Ofereceu bacalhau gratinado, salmão, vinho e uísque para uma conversa informal que se arrastou até os primeiros minutos da madrugada — um dos presentes definiu a noite como “agradável”. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), também compareceu. No dia seguinte com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), Gleisi teria reforçado que não pretende se envolver em outras searas fora da articulação política com o Congresso.

A isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil foi tema comum das conversas com Motta e Alcolumbre. No jantar de terça, quando os deputados discutiram como Lula entregará o projeto ao Congresso, líderes perceberam uma diferença em relação ao antecessor transferido para a Saúde. Enquanto Padilha, segundo eles, tentava se cacifar como único canal para chegar a Lula, Gleisi tratou o acesso ao presidente de uma forma mais natural.

“A ministra Gleisi fez agendas importantes nesta primeira semana”, resumiu o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL), que participou do jantar no apartamento da nova ministra.

Apesar do bom início, Gleisi ainda não enfrentou os problemas da insatisfação da base. Os espaços dos partidos no governo não foram discutidos. A bancada do PSD na Câmara considera que precisa de um ministério mais robusto do que o da Pesca e almeja comandar o Turismo, hoje com Celso Sabino, do União Brasil.

A expectativa é que, a partir da semana que vem, quando o governo precisar de votos para a tramitação do projeto de isenção do IR, a nova ministra sente para conversar. A proposta é vista com bons olhos por boa parte dos congressistas, mas uma liderança alerta que “ninguém está muito animado só com simpatia”.

Gleisi atuou ainda para aparar as arestas que tinha dentro do governo. Após citar apoio às medidas de Haddad em seu discurso, foi à Fazenda na quinta-feira e publicou fotos do encontro nas redes. Em uma sinalização de que as rusgas entre os dois teriam ficado para trás, a ministra teria dito a Haddad que não se meteria em temas relativos à política econômica e que sua atuação se restringirá à articulação política.

Em outra decisão que pode facilitar a relação, nomeou para chefe de gabinete o diplomata Marcelo Costa, ex-assessor especial na Prefeitura de São Paulo quando o ministro comandava a cidade.

Segundo aliados, a avaliação de Haddad sobre a conversa é que foi boa e cordial. O tema principal foram as pautas econômicas. Há disposição de fazer o embate político para mobilizar apoio ao texto com o discurso da justiça tributária.

“A expectativa é que ela possa fazer uma grande gestão. Gleisi já entra sem um estigma de desgaste e, sem dúvidas, terá uma relação melhor com Motta e Alcolumbre”, diz o presidente interino do PT, senador Humberto Costa (PE).(O Globo)

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